IMAGEM: ARQUIVO GOOGLE |
TERREMOTO
POLÍTICO À VISTA
POR
RUY FABIANO
BLOG
DO NOBLAT
EM 12/11/2016
| 01h25
Vem
aí um rolo compressor sobre o conjunto da classe política brasileira – é o que
anunciam fontes da Lava Jato.
A
megadelação da Odebrecht, a maior de que se tem notícia, envolve não apenas os
donos, mas toda a diretoria – cerca de 50 executivos - da maior empresa privada
do continente.
Atinge,
segundo se antecipa, quase todos os presidenciáveis – os principais. Pode ser
conhecida ainda este ano, se a Procuradoria Geral da República, que promete
validar as delações até o final deste mês, se dispuser a divulgá-la na íntegra.
O
próprio Michel Temer foi acusado, esta semana, pela defesa de Dilma Roussef, de
ter recebido cheque de R$ 1 milhão para a campanha de 2014, o que ele nega, mas
não impede que enfraqueça, perante o TSE, a tese de que as campanhas não se
misturaram. E essa mistura, se comprovada, o afasta inapelavelmente do cargo.
Mesmo
não se comprovando, a jurisprudência lhe é desfavorável, uma vez que, até aqui,
delitos de campanha têm penalizado a chapa, independentemente de quem seja o
infrator.
Os
presidenciáveis não são os únicos delatados, apenas os mais graduados da
extensa lista, de quase duas centenas de nomes. É claro que as acusações, pelo
menos parte delas, ainda não se materializaram em provas. Mas, sabendo-se o
custo de uma delação falsa – o aumento da pena do delator -, alguma
credibilidade acaba obtendo e gerando imenso dano moral e político ao acusado.
Em
regra, o fim da carreira. Há deputados (federais e estaduais), senadores,
governadores, prefeitos, vereadores – todo o arco dos que disputam eleições e
postulam contribuições.
Em
resumo, compromete não apenas os políticos, mas o modo como se faz política no
Brasil.
As
delações confirmam a estimativa de Lula, feita ao tempo em que era
constituinte, de que haveria algo em torno de “300 picaretas” no Congresso.
Apenas lá.
Ele
sabia do que falava, já que não apenas integrava o grupo, mas um dia viria a
comandá-lo – e remunerá-lo.
Nem
todos são acusados da mesma coisa. A maior parte é de caixa dois, a acusação
mais branda. Dentro dela, há duas modalidades: a clássica, que consiste em
receber por fora parte da contribuição, que, no entanto, o beneficiário supõe
de origem legítima; e a nova, que pesa contra PT, PMDB e PP – e agrava o
delito. Nela, o beneficiário sabe que a contribuição provém de dinheiro roubado
da Petrobras.
Há
aí delitos adicionais: roubo e lavagem de seu produto via Justiça Eleitoral. A
chapa Dilma-Temer terá de responder por isso. Mas não apenas: há o roubo
sistemático, sistêmico, fora do período eleitoral, às estatais e aos fundos de
pensão.
Dilma
é pessoalmente acusada por Marcelo Odebrecht de tê-lo abordado mais de uma vez
para tratar de recebimentos. Lula é acusado, também por Marcelo Odebrecht,
segundo a IstoÉ, de ter embolsado pessoalmente R$ 8 milhões, em dinheiro vivo.
A
Câmara dos Deputados, antevendo o terremoto, tentou, na calada da noite de
terça para quarta-feira passada, quando as atenções estavam voltadas para as
eleições dos EUA, aprovar um projeto salvacionista, que estabelecesse, a partir
de agora, punição específica para caixa dois.
O
truque é que, aprovada essa lei – o que acabou não acontecendo, graças às
denúncias nas redes sociais -, estariam anistiados os que incidiram até aqui no
caixa dois, uma vez que a lei, segundo cláusula pétrea constitucional, não
retroage para punir. Só seriam alvos os que voltassem a delinquir.
RUY FABIANO É JORNALISTA E ESCRITOR |
Seria
um golpe na Lava Jato, que teria de abandonar investigações nesse quesito, que
é dos mais densos até aqui. Não deu certo. Continua em pauta a crônica do
terremoto anunciado, que mantém o país sob preocupante instabilidade.
Como,
em tal contexto, atrair capitais de investimento? A tentativa de dar alguma
sinalização externa positiva, com a aprovação da PEC do teto dos gastos
públicos, serve de moldura para que os grupos políticos de esquerda, que
destruíram a economia, PT à frente, promovam badernas de rua.
E
a inclusão do presidente da República nas delações, ainda que se mostre
inconsistente, o enfraquece como autoridade moral para tranquilizar o conjunto
da população, que, em sua maioria, votou favoravelmente às forças políticas que
ele encarna.
Só
que essas forças, segundo essas novas delações, também estão na zona do
terremoto. E aí? Pois é: 2018 está ainda a anos-luz da realidade.
VEJA TAMBÉM AS CHARGES DO DIA
POIS É. O CARA VOTOU NO LULA E NA DILMA PARA PRESIDENTE,
NO TIRIRICA
PARA DEPUTADO FEDERAL E NO MARQUITO
PARA VEREADOR. E RI DO AMERICANO, POR
CONTA DA ELEIÇÃO
DO TRUMP - TAMBÉM UM LIXO, NA MINHA OPINIÃO. (OS)
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