CASAL TERNURA: ELA, IMPICHADA; ELE, PRESO (*) |
DILMA
DIZ QUE CABRAL
“JAMAIS
FOI ALIADO”.
HEIM?
Dilma
fez o que pôde para selar uma aliança com Cunha.
Em troca do engavetamento do
impeachment,
prometia que os representantes do PT no Conselho de Ética
da
Câmara votariam contra a cassação do mandato do deputado.
Mas o PT roeu a
corda...
POR
JOSIAS DE SOUZA
UOL –
BLOG DO JOSIAS
18/11/2016
05:32
Um
político nunca deve dizer uma mentira que não possa provar. Alheia a esse
ensinamento, Dilma Rousseff flertou com a auto-desmoralização. Fez isso ao
divulgar uma nota na qual sustenta que o agora presidiário Sérgio Cabral
“jamais foi aliado”. O vídeo (https://youtu.be/aA8rxLVMJHo), gravado na campanha de 2010, mostra que
a aliança que Dilma tenta negar foi construída ainda no governo Lula. A peça
exibe os aliados num comício conjunto. Ela disputava a Presidência. Ele
reivindicava a reeleição ao governo do Rio. Nessa época, Cabral trombeteava as
UPPs, Unidades de Polícia Pacificadora — uma experiência que Dilma prometia
reproduzir em âmbito nacional.
Afora
esse vídeo, veiculado pela própria campanha de Cabral, o bom relacionamento
político do cacique do PMDB fluminense com Dilma está fartamente documentado no
noticiário. Em sua nota, Dilma escreve que, em 2014, Cabral fez campanha para o
tucano Aécio Neves, seu principal adversário. Nesse ponto, madame pronuncia uma
meia verdade. E privilegia exatamente a metade que é mentira.
O
que houve em 2014 foi uma desavença entre o presidente do PMDB do Rio, deputado
estadual Jorge Picciani, e a direção do PT. Por conta esse desentendimento,
Picciani lançou uma opção de voto híbrida. Batizou-a de “Aezão”: para o
Planalto, Aécio. Para o governo do Rio, Pezão. Cabral, com o prestígio já meio
abalado por denúncias de corrupção, não chegou a encampar publicamente a ideia.
Ao contrário, deu delcarações pró-Dilma.
Noutro
trecho da nota. Dilma sustenta que Sérgio Cabral orientou seus liderados a votarem
a favor do impeachment. Ai, ai, ai. Quem comandou a infantaria pró-impeachment
foi outro cacique do PMDB do Rio: Eduardo Cunha, então presidente da Câmara.
Àquela altura, Cabral fingia-se de morto para não ser notado pela Lava Jato.
Era carta fora do baralho.
Dilma
fez o que pôde para selar uma aliança com Cunha. Em troca do engavetamento do
impeachment, prometia que os representantes do PT no Conselho de Ética da
Câmara votariam contra a cassação do mandato do deputado. Mas o PT roeu a
corda. E Cunha colocou para andar o pedido de impedimento.
Numa
tentativa de dividir o PMDB, Dilma aproximou-se do líder do partido na Câmara,
deputado Leonardo Picciani (RJ). Logo ele! Filho de Jorge Picciani, aquele
cacique que firmara acordo com Aécio no Rio, o neo-aliado de Dilma fizera
campanha de rua ao lado do presidenciável tucano.
Dilma
deu de ombros. E ainda ofereceu a Leonardo Picciani a primazia na indicação de
um correligionário para o prestigiado Ministério da Saúde. Foi ao Diário
Oficial o nome do deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), um desafeto de Eduardo
Cunha. Esforço inútil. O impeachment passou na Câmara. E foi ratificado no
Senado. Hoje, Leonardo Picciani é ministro do Turismo de Michel Temer.
Em
vez de mentir sobre Cabral, Dilma deveria desfrutar da experiência de contar a
verdade sobre seu relacionamento com o PMDB do Rio. Nessa matéria, a verdade é
muito mais incrível do que a ficção. É tão inacreditável que é difícil de
inventar.
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