FOTO: AGÊNCIA CÂMARA |
ANISTIA
PARA CAIXA 2 ESTÁ DE PÉ
Já
foi estudada uma manobra a ser feita para driblar
o
problema e permitir que o relatório de Lorenzoni,
emendado
ou trocado por outro,
seja
aprovado por aclamação
POR
RICARDO NOBLAT
BLOG
DO NOBLAT
23/11/2016
- 02h27
A
Câmara dos Deputados, por larga maioria dos seus 513 membros, está pronta para
votar e aprovar hoje um pacote de medidas contra a corrupção. A mais
emblemática delas, pela qual suspiram deputados de todos os partidos, é a
anistia para o caixa 2.
Sob
o disfarce de criminalizar daqui para frente o uso de dinheiro não declarado à
Receita e à Justiça Eleitoral, a Câmara pretende anistiar todos os que o
fizeram daqui para trás. Será uma anistia votada para beneficiar os que a votarem.
Uma anistia em causa própria.
Nada
de parecido acontece ou pode acontecer em nenhum parlamento de país
democrático. Não se tem notícia de que já tenha acontecido. Mas no país da
jabuticaba, que a considera coisa só dele, não custa inovar, inventando uma
nova jabuticaba, algo de fato genuinamente brasileiro.
E
não é só. Se depender do que estava sendo tramado ontem à noite em Brasília, a
Câmara aprovará também a punição para promotores e juízes que se excederem ou
se equivocarem no encaminhamento de processos de corrupção. É para frear o
ímpeto deles em relação a tais processos.
O
relator do pacote de medidas, deputado Onix Lorenzoni (DEM-RS), parecia rifado.
Sob a pressão dos colegas, ele entrou pela madrugada refazendo seu relatório
pela quinta vez. Dificilmente a redação final que Lorenzoni apresentar, seja
qual for, será aprovada sem emendas.
O
relatório será votado, primeiro, na comissão especial que cuida do assunto. Em
seguida, diretamente no plenário em sessão convocada só para isso. Ali, ganhará
emendas, se não for substituído por outro relatório que está pronto de autoria
de diversos deputados.
Um
grupo de deputados encabeçado por Miro Teixeira (REDE-RJ) tentará impedir a
aprovação de aberrações, do tipo anistia para caixa dois. Para isso pretende
exigir que a votação no plenário seja nominal, o que obrigaria cada deputado a
declarar seu voto.
É
tudo o que não deseja os favoráveis às aberrações, mas receosos de emprestarem
seu nome para avalizá-las. Já foi estudada uma manobra a ser feita para driblar
o problema e permitir que o relatório de Lorenzoni, emendado ou trocado por
outro, seja aprovado por aclamação.
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