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CAMINHO SUAVE
Meu
pai, grande pai, tentou me ensinar grandes coisas. Pobre pai. Por birra,
burrice minha, aprendi pouco. Fui mau aluno. Paciência. Nunca quis ser o
primeiro da classe. O penúltimo lugar sempre me pareceu suficiente.
Mas,
dos ensinamentos do pai, incorporei um, definitivo:
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Deus não se manifesta no barulho.
O CONTADOR DE CARNEIROS
Era
uma vez um homem que, desde menino, acostumara-se a ver a vida pela janela.
Esperava sempre as condições ideais para fazer aquilo que sonhava fazer – a
maneira mais objetiva de nunca fazer nada. Condições ideais não existem.
Como
o tempo não para, ele também ficou velho, como ficam velhos todos, ou quase
todos, os meninos. (Alguns morrem no meio do caminho.)
Ainda
lhe restam forças para fechar a janela, tomar o elevador e, finalmente,
caminhar. Mas de que lhe vale este fiapo de vigor, se ele não aprendeu a
atravessar a rua?
Melhor
cerrar a cortina. E contar carneiros. Como sempre fez.
Muito bom...
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