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BRIGA
BOA PARA O BRASIL
O
que interessa aos contribuintes é que a legislação
anticorrupção
inspire medo e, ao mesmo tempo,
que
os ganhos imorais nos Três Poderes saiam
de nossos
ombros. O resto é farofa
POR
RICARDO BOECHAT
ISTO
É ON-LINE – 18/11/2016 | 18H20
Com
justa razão, as festejadas (e tardias) prisões de Anthony Garotinho e Sergio
Cabral varreram das manchetes, nos últimos dias, alguns temas que vinham
alimentando o noticiário e as redes sociais. A confissão de que a Andrade
Gutierrez irrigou com propina de R$ 1
milhão a campanha de Michel Temer em 2014; o colapso geral do RJ, a
ocupação de escolas e até as discussões sobre o fim do mundo pós-Trump perderam
destaque ante as manifestações com que os cariocas saudaram a chegada dos
ex-governadores à República de Bangu.
Passada
a festa, contudo, é preciso voltar à vaca fria. Entre o que ficou em segundo
plano destaca-se uma disputa que pode produzir mudanças relevantes no País.
Trata-se da queda de braço entre marechais do Judiciário, do Ministério Público
e do Legislativo em torno de questões envolvendo a aprovação de leis ou medidas
que, de um lado, combatem a impunidade dos corruptos e, de outro, pretendem
conter a orgia remuneratória no funcionalismo de alto escalão, onde a soma de
vencimentos e jabuticabas corporativas produzem contracheques de até R$ 200 mil.
No
ringue ouvem-se brados denunciando as más intenções do corner oposto. Diante da
criação de uma comissão no Senado para flagrar supersalários no setor público,
o olhar delirante da Associação dos Magistrados Brasileiros enxergou “um
processo de desconstrução do sistema de Justiça”, enquanto a relatora Kátia
Abreu, sinalizando pizza, garantiu que não fará “caça às bruxas” (!!???).
Por
sua vez, vozes ilustres do Congresso defendem a descriminalização do caixa dois
nas campanhas eleitorais, enquanto minam o projeto das Dez Medidas Contra a
Corrupção e acusam promotores e juízes de uma cruzada fundamentalista para
criminalizar a classe política.
Como
a capivara diante do confronto entre a onça e o jacaré, os brasileiros devem
acompanhar essa luta torcendo pelo sucesso das duas feras. Quanto mais
sangrarem nesses itens em discussão, menos sofrerá a presa comum. O que
interessa aos contribuintes é que a legislação anticorrupção inspire medo e, ao
mesmo tempo, que os ganhos imorais nos Três Poderes saiam de nossos ombros. O
resto é farofa.
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