AROEIRA |
SEXO E POLÍTICA
Verdade seja dita: Chagas não chegou a ser tão obsceno quanto seu
velho pai. Mas chegou perto, bem perto. Desde sempre, logo após a lua de mel de
míseros sete dias, colocou os atributos físicos da mulher para trabalhar em
favor da prosperidade familiar.
Tempos depois, após ter exercido dois mandatos consecutivos de
vereador, elegeu-se prefeito de município de médio porte, onde nascera e se
criara. Conceição, que mais tarde viria a ser deputada, foi primeira-dama
afamada na região, rainha dos cabos eleitorais.
Nos dois primeiros anos de mandato, a deputada Conceição fez a
alegria de muitos de seus pares, chegou a ser presidente de comissão
importante. Mas a desgraça – quem diria? – se abateu sobre os Chagas.
O marido gastava parte do dinheiro que surrupiava dos cofres da
Prefeitura com jogatina e lutadores de vale-tudo. Foi cassado por corrupção. A
mulher fez uma dessas dietas da moda: perdeu quilos e mais quilos, mas a bunda
generosa, razão primeira de seu sucesso político, virou tábua de passar roupa.
Nunca mais a recuperou, apesar de vários regimes de engorda. Também não se reelegeu.
Hoje, embora vivam sob o mesmo teto e durmam na mesma cama, Chagas e
Conceição pouco se falam. Mas, com os olhos marejados, se perguntam, sem nada
dizer um ao outro: onde foi que erramos? (OS- 2015)
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"Durante
doze anos, vereador Inácio não perdeu uma chance de provar
– e
comprovar – sua inutilidade como homem público. Deu no que deu:
às
vésperas da eleição, levou uma sapatada verbal do Velho Marinheiro.
Foi a
pá de cal na sua candidatura..."
Por Orlando Silveira
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