sábado, 29 de novembro de 2014

RAPIDÍSSIMAS (XLII)

EIS A QUESTÃO
-- Sei que amanhã será outro dia. Mas, quem nos garante que estaremos por aqui? Aos sorvetes, meu bem. 

CUCO MIO
Há algo de errado com você. A vida voa. As horas não passam.


VAI-DA-VALSA
Vai sem vontade de ir. Volta sem vontade de voltar. Fica sem vontade de ficar. 

AMORES
Pensando bem, elas foram generosas, me pouparam do “adeus”. Simplesmente, foram.

RESPIRAR É PRECISO
Amor de verdade é o que sente saudade. Pra sentir saudade, é preciso ficar um tempo longe.  

O DESABAFO DE CORA (7.5)
-- Você passou a vida inteira me comendo com os olhos. Só com os olhos. Que pena. Que lástima.

TEMPLO
Salomão, Salomão: você entra com a fama; o “bispo”, com a mão.

PESSOAS
As que eu gostaria de rever e abraçar nem sempre podem. Quem não me interessa está sempre disponível.   

SEIS E TRINTA
-- Nossa! O que é isso?
-- Não se iluda. É vontade fazer xixi.  

IMAGENS: PALHAÇOS (ARRELIA)






Waldemar Seyssel (31/12/1905 – 23/5/2005) – o Arrelia
foi palhaço de circo, cantor e compositor.

Nasceu numa família circence.
Seu avô era francês de origem nobre
e se apaixonou por uma equilibrista.
Seu pai mudou para o Brasil
 e consagrou-se como o palhaço Pinga Pulha.

Chegou a cursar Direito
 na Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro. 

Começou no circo por acaso.
Durante as férias escolares, foi maquiado e empurrado 
para os palcos e acabou se esborrachando no chão. 
Para delírio da platéia. 
Iniciou assim uma das mais vitoriosas carreiras
 de palhaço de circo do Brasil.

Faleceu no Rio de Janeiro, de pneumonia,
 aos 99 anos de idade.

(Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira)









No RODA VIVA, da TV CULTURA



Com Pimentinha, sobrinho e parceiro




Para saber mais sobre ARRELIA.
clique no link abaixo:


NÚBIA NONATO

TROCA

Núbia Nonato

Por onde andas?
Por aí a fora sem
precisão, vivo um
tico aqui outro tico
ali, sem previsão.
Como de tudo um
pouco, sou honesto
roubo não.
Com o que contas?
Com as brechas
do coração alheio.
E o que dás em troca?
Esmiuço o sol, traduzo
a Lua, escarneço da
miséria humana e te
faço sorrir se quiseres.
Volte aqui pela manhã
dou-te café e fornada.



CLÓVIS CAMPÊLO

MENINOS DO BRASIL

Fotografia de Clóvis Campêlo/1993

Os meninos do Brasil olham o futuro sem medo. Olhares miscigenados, cafusos. De que riem os caborés? Talvez das nossas caras pálidas de quem tudo quer e nada oferece em troca. Riem desarmados, confiantes, alegres e serenos. Felizes.

As gravuras na parede compõem o cenário da fé. No balcão, mezinhas, cafés, vidros reutilizados, um comércio tênue, sazonal.

Na tosca casa de taipa em Juazeiro do Norte, no Ceará, uma incrível estrela do mar, branca, orienta-lhes o caminho do sertão ao litoral. (Recife, 2010)



sexta-feira, 28 de novembro de 2014

CHAVES, GIGANTE

memorianoar.com.br

Um de seus personagens, Chapolim Colorado, dizia:

-- Vocês não contavam com minha “astúcia”.

Não sei por que a mãe de nossos meninos, Sabiá, tocada por Guimarães Rosa, talvez, transformou “astúcia” em “coisa túcia”, sinônimo de tudo que há de bom. 

Coisa de quase trinta anos atrás.

Neologismo é coisa para poucos, quase ninguém.

Todo mundo, em casa, aderiu à moda: "Coisa túcia" virou bordão.  

Até hoje, mãe e pai e filhos usam o termo – “coisa túcia” – para expressar seu amor por tudo que é lindo, querido, bom demais de ter por perto.

Chaves: você foi “túcio” demais.


Obrigado.




CHARGES: AMARILDO


ATÉ QUEM NUNCA FOI DE CORTAR,
DILMA "CAOS ANUNCIADO",
POR IRRESPONSÁVEL, VAI TER QUE CORTAR.
PARA NÃO PERDER A CABEÇA


OPI-002.eps



RAPIDÍSSIMAS (XLI)

larissaewellingto.blogspot.com

CRISE HÍDRICA
-- Joaquim, querido: seu “volume morto” virou saudades de um tempo infeliz.

GENIVAL
Ele está de olho na butique dela; ela, no bolso dele. A recíproca, quase sempre, é verdadeira. Mudam os instrumentos de prazer. O amor amante é lindo. Travesseiros soltos etc.

ÚLTIMA IDADE
A porcaria de ficar velho não é ter que suportar a dor que dói aqui, a dor que dói acolá. É perder gente de quem se gosta.

DA BOCA PRA FORA
Os “generosos” gostam mesmo é de beijar com a boca alheia.

DEMÊNCIAS
Só os loucos são felizes. Não imaginam o quanto aporrinham os outros.

PERI & CECI
E o índio sem tribo segue a trilha que lhe coube: sempre só, em busca de Ceci.

BIRRA
-- Tatu, saia da toca. Venha me ver.
-- Da toca, Tatu não sai. Tatu não quer te ver.  

PÉS NO CHÃO
A insônia, crônica, lhe roubou o pouco que lhe restava: sonhos comezinhos.

UM SUPOSITÓRIO. QUE TAL?

viniciusmeureizinho.blogspot.com
O amor é lindo.  

O filho mais velho engulhou. Comeu demais? É possível, porque beber não bebe.

Mulher e mamãe não tardaram a socorrê-lo, embora de socorro, sejamos francos, não necessitasse. O mimo do filho era evidente. Menos para mamãe e mulher, casadinha de nova. 

O rebento tomou gotas disso e daquilo, duas drágeas (de ninguém sabe o quê), chazinho para limpar o aparelho digestivo e acalmar os nervos – nervos desde sempre serenos. 

Deu certo. Meia hora depois, bateu meia pizza e um litro de Coca-Cola. Menino bom. Saúde de ferro. Graças a Deus.

O amor nem sempre é lindo.

O velho estava mais engulhado que mulher em começo de gravidez. Queria justiça. Igualdade. Comunista que fora. Ameaçou um lamento, na esperança de obter (por que não?) gotas disso e daquilo, duas drágeas (de ninguém sabe o quê), chazinho para limpar o aparelho digestivo e acalmar os nervos – nervos desde sempre arruinados. Ou – quem sabe? – um mísero chamego da velha de cabelinhos (coisa linda demais) recém cortados e pintados, asas de graúna..

Deu errado.

A nora se fingiu de morta; a mulher pegou pesado:

-- Quem mandou beber? Tome banho, coloque o supositório. Amanhã, estará melhor.



BRUNO NEGROMONTE

DE MODO NADA CONTUMAZ LEONARDO BESSA MOSTRA, DE MODO SOLO, AQUILO QUE LHE CONSTITUI

Quando nos referimos a samba de qualidade lembramos quase que de imediato do Rio de Janeiro, pois ao longo dos anos a cidade acabou tornando-se um dos maiores expoentes deste ritmo de raízes africanas. Nomes como CartolaNelson CavaquinhoWilson BatistaNelson SargentoWalter AlfaiateNoel Rosa e tantos outros não só transformaram-se em baluartes do gênero, mas como precursores fizeram verdadeiras escolas para toda uma geração de artistas que hoje figuram na vanguarda do gênero defendendo-o e fazendo com que o som que antes era feito nos morros tenha a oportunidade de descer ao asfalto figurando entre as referências da música brasileira atual. Com esta possibilidade de sair dos morros cariocas o samba não só fincou raízes em outras pairagens assim como também agregou-se a outras manifestações culturais como o carnaval, onde a partir de 1873 através dos ranchos carnavalescos houveram as primeiras manifestações. Esses ranchos tinham como trilha sonora canções em sua maioria feitas com um andamento dolente, arrastado, deixando a euforia dos primeiros sambistas a ver navios, fazendo com que a insatisfação gerasse a ideia de criar um novo ritmo que permitisse cantar, dançar e desfilar, ao mesmo tempo. O cantor e compositor Ismael Silva apossou-se dessa ideia e juntamente com alguns amigos criou a escola "Deixa falar", um bloco carnavalesco e registrado, que fez a sua primeira aparição oficial no carnaval de 1929, na Praça Onze. Nos que sucederam este primeiro desfile foi possível perceber o surgimento de mais diversas agremiações para somar força, beleza e tradição as já existentes como é possível hoje atestar, principalmente através dos dois dias de desfiles no sambódromo carioca, evento este acompanhado por milhões de pessoas não só no Brasil como também no exterior através dos canais de televisão, tornando-se inclusive produto de exportação em nosso país. É nesse cenário, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, que surge Bessa, embebecido nesta forte tradição do universo do samba.
Leonardo deixou-se envolver com a música ainda criança talvez por influência do pai, o MaestroReginaldo Bessa (músico também bastante conhecido no universo carnavalesco carioca). Sua carreira neste universo musical teve seus primeiros passos na escola de samba mirim Alegria da Passarela, onde juntamente com nomes como Dudu Nobre e Anderson Leonardo (integrante e vocalista do grupo Molejo) atuou não só como intérprete assim como também como compositor; depois teve a oportunidade de atuar também  na Aprendizes do Salgueiro, outra escola que deu a oportunidade de Leonardo mostrar suas habilidades musicais, tanto no instrumento quanto nas composições.
Desde os primeiros momentos descritos no parágrafo acima até os dias atuais passaram-se cerca de três décadas onde Leonardo, hoje com 39 anos, chegou a atuar em diversas escolas tais quais, além da já citadas, Beija-Flor, Grande Rio, Caprichosos e União da Ilha. Como intérprete oficial de escolas de samba, deu início a sua carreira por volta de 2004 no Arranco do Engenho de Dentro. Dois anos depois passou a defender a São Clemente durante três anos. Sem contar que também participa como interprete oficial no carnaval de Uruguaiana, Rio Grande do Sul onde já chegou a ganhar os carnavais de 2008 e 2009. Está atualmente na Acadêmicos do Salgueiro, onde iniciou como apoio de carro de som e hoje, após efetivado como intérprete oficial ao lado de Quinho Serginho do Porto, solta a voz na cidade maravilhosa fazendo a Marquês de Sapucaí tremer. Além de intérprete Bessa já teve a oportunidade de mostrar suas habilidades como instrumentista acompanhando diversos nomes do samba como Bezerra da SilvaMoreira da SilvaRoberta MirandaJorge Benjor, seu pai, Neguinho da Beija-Flor e Jorge Aragão. Sem contar alguns projetos paralelos, como a produção dos cd's da Liga das Escolas de Samba do Grupo de acesso A e B. Atualmente o artista vem mostrando ao grande público o seu primeiro disco solo,  editado pela Sala de Som Records cujo título é "Parece um sonho". Um disco de essência autoral onde o artista dá vazão ao seu lado compositor assinando, além da faixa que batiza o disco, mais três das dez faixas existentes. Seu pai assina duas faixas em parceria com Délcio Carvalho e Ney Lopes. As outras canções presentes levam a assinatura de nomes como Gilson BernineXande de PilaresSerenoAndré RenatoEspanhol,Silvio Paulo e Branca Dineve, que assina 'Salgueiro é uma raiz', canção que expressa sua afetividade à agremiação a qual defende. Além desse tributo a sua atual escola o disco aborda temas recorrentes como as relações afetivas e o amor e suas variantes como pode observar-se na faixa que dá nome ao álbum, 'Uma história de amor', 'Sinto que não acabou' e nas demais faixas. A saudade também é abordada na faixa 'Fragmentos'.
A ficha técnica do disco conta com nomes comoFabio MiudinhoRafael QueirozDaniel AranhaVítor BotelhoRafael Chaves,Fellipe (percussão geral); Luciano Broa ePaulo Bonfim (bateria); Charles Bonfim eDudu Dias (baixo); Celso Santana eSandro Cordeiro (teclado); Dirceu Leite(saxes e faluta); Geraldo Alves (trombone, trompete e fluggel); Gege e Rafael Prates(cavaco, violão  e banjo); Daniel Aranha(bandolim e violão); Ewerton Cesar (violão);Carlinhos 7 cordas (violão);  além do coro deJulia AlanBabi MelloTuninho JR,Cloves PeGabriel TeixeiraDébora Bessa e Marcelle Aranha. O disco ainda conta com a participação da  Marcela Galv (cello) e da Bateria Furiosa do Salgueiro com Mestre Marcão,Guilherme, Gustavo, Lolo e Vítor. Resta ao samba, o mais brasileiro dos ritmos, agradecer a Leonardo Bessa todo o serviço prestado e toda devoção dedicada a ele ao longo das últimas décadas e por muitas que virão. Leonardo traz em seu canto uma responsabilidade inata e um incontestável papel neste cenário musical. Pode-se afirmar hoje que seu canto, somado ao de outros intérpretes da atual cena do samba carioca, é talvez a mais representativa das vozes dessa variante do ritmo que fez que o carnaval carioca ganhasse proporções inimagináveis. Os seus samba-enredos sem dúvida alguma são responsáveis por uma parcela significativa pelo elo existente entre a contemporaneidade do samba com o tradicionalismo e o legado deixado pelos bambas de outrora.

DALINHA

VIDA PALPÁVEL

Dalinha Catunda
www.cantinhodadalinha.blogspot.com
www.cordeldesaia.blogspot.com


O que será de verdade
Este mundo virtual
Onde amizade irreal
Prolifera em quantidade
E a concreta amizade
Transforma-se em ilusão
Vislumbro alienação
Quando o vício é voraz
E em sua bagagem traz
Um mundo de solidão.

***
Eu quero ver a paixão
Dentro do seu olhar
Eu quero sentir palpitar
No peito meu coração
Quero a magia da mão
Inquieta e buliçosa
O suspiro de quem goza
E gosta do visceral
É neste estágio real
Que fomento a emoção.


quinta-feira, 27 de novembro de 2014

RAPIDÍSSIMAS (XL)

Arrelia. Por João Bosco


PALHAÇOS
Quem me dera ser um deles? Coisa boa fazer velhos e crianças sorrirem.

ROTINA
Um amontoado de pequenas chatices.

MILITANTE 24H
Quem suporta uma trolha dessas?

DESDE SEMPRE
Ameaçou cometer uns versos. Por medonhos, deixou a aventura para lá. 
Virou gerente de uma loja de moda feminina. Menos mal.

LIGA NÃO
Errar não faz mal, errar é humano. Só não vale pedir perdão todo dia.

MACUNAÍMA
Nossa Senhora: a preguiça me arruinou as pernas.

ÓCULOS DE GRAU
Atrás daquelas lentes grossas, havia um par de olhos miúdos, 
apertados, quase tolos. Olhos míopes tentando entender o mundo.

E O POLÍTICO “PROGRESSISTA”...
Tomava dinheiro de volta dos funcionários. 
Em nome da causa, naturalmente.

VASSALOS
Esta gente costuma ir longe. Ainda mais se for adepta da chantagem.





IMAGENS: CAPOEIRA


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                      www.corujices.com


Roda de capoeira recebe título
de patrimônio imaterial da humanidade

A roda de capoeira é considerada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade a partir desta quarta (26). A decisão foi tomada na 9ª Sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial, da Unesco, que acontece em Paris, e junta a capoeira a outras manifestações culturais já consideradas patrimônio, como o samba de roda do recôncavo baiano e ao frevo pernambucano.

Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Cultura, os efeitos do reconhecimento não são diretos nem imediatos, mas este ajudaria a dar visibilidade à manifestação cultural. A capoeira surgiu no Brasil do século 17, durante o regime escravocrata, e é atualmente praticada em mais de 160 países. (Fonte: UOL)





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CLÓVIS CAMPÊLO.

AUTORRETRATO, 
DE CLÓVIS CAMPÊLO.
NA INTERPRETAÇÃO 
DE ANTÔNIO ABUJAMRA





AUTORRETRATO


Sou a reta e sou a curva,
a mão esquerda e a direita,
o verão na praia do Pina
e a chuva que adoça o caju.

Sou a revolução que não houve,
as dúvidas da certeza
e a alegria das dúvidas.

Sou o pai e sou o filho,
o vento que anuncia tempestades,
o raio que corta o céu ao meio
no meio da tarde.

Sou martelo agalopado,
entidade de corpo fechado,
soneto na nova medida
e a bandeira de São João.

Sou Elefante e Pitombeiras,
sou o Galo da Madrugada,
sou o barulho da feira
e o som da procissão.

Sou o amarelo de Nossa Senhora
e o azul de Iemanjá,
sou calmaria sem vento,
sou selva de pedra e cimento,
relva plantada no chão.

Sou o tudo e sou o nada,
o silêncio e a batucada;
sou o sul e sou o norte,
faca cega e navalha de corte.

Eu sou o fogo da vida
e sou o sopro da morte!

Recife, 2006