terça-feira, 31 de março de 2015

HORA DA VITROLA: FAGNER

FAGNER MUSICOU TRADUZIR-SE,
DE FERREIRA LUGAR





RAPIDÍSSIMAS (LXXIV)

skrachusquo.com

TPM
-- Vai largar a mulher só por causa de três dias por mês?
-- Não. É que, além da mulher, tenho cinco filhas, todas reguladas e com “períodos” diferentes.

SOGRAS
Nunca soube por que são tão execradas. Elas sabem.

ÚNICO DESEJO
O sonho nada secreto dos canalhas é tentar desqualificar quem a eles se opõe. 

DESTINO
-- Querido: idade não traz sabedoria a ninguém. Quem viveu como burro será internado como asno. Conforme-se.

JANTAR
-- Pare de bufar. Os convidados estão chegando. Eles não são maus. São apenas chatos.
-- E você acha isso pouco?

AMIGA DA ONÇA
-- Parabéns. Depois de três meses de regime severo, Jurema, já dá para perceber que seu nariz está afinando.

PAPO DE BAR
Ali, todo mundo tem solução para tudo, menos para os próprios problemas.

DA VIRADA
Aquela velha senhora continua entregando de graça o que ninguém mais quer.


CHARGES: DIRETO DA "BESTA"



ESM

SPONHOLZ – JBF

AUTO_myrria

MYRRIA – A CRÍTICA




AUTO_luscar



AUTO_nicolielo

NICOLIELO – JORNAL DE BAURU

AUTO_jarbas

JARBAS – DIÁRIO DE PERNAMBUCO


migueljc

MIGUEL – JORNAL DO COMMERCIO



AUTO_sid

SID – CHARGE ONLINE


ATRÁS DO JORNAL DA BESTA FUBANA 
SÓ NÂO VAI QUEM JÁ MORREU



NÚBIA NONATO

pensandoemfamília.com.br
MAIS UM DIA

Mal me espreguiço e já sigo.
Abro a porta ainda descalça
percebo a paisagem embaçada
volto para pegar meus óculos.
Num momento fugaz ouço
o silêncio a minha volta, mas
é rápido, já foi.
Um passarinho de bico vermelho
cisca entre as plantas, levanta
a cabecinha atento, repara
e volta a ciscar.
Uma borboleta preta com detalhes
amarelos passa perto do meu
rosto, já me acostumei com essas
investidas.
Olho para as janelas ainda fechadas
ouvindo o teleco teleco do trem 
na estação.
Estico meu corpo reajuntando os
ossos que estalam na medida.
Prece concebida, realinho-me
na esperança de chegar ao final
de mais um dia.






O FREVO DE RUA


O frevo é pernambucano e nasceu pelas ruas do Recife, misturando polca, dobrados, maxixes, tangos e quadrilhas.

O frevo é pernambucano e degenerou-se a partir das bandas marciais que existiam no Recife no século XIX.

O frevo é pernambucano e teve a sua paternidade concebida pela banda do 4º Batalhão de Artilharia, o Quarto, e pela banda da Guarda Nacional, a Espanha de Pedro Garrido.

O frevo é pernambucano e na sua concepção despretensiosa e natural ousou misturar a dança e a música.

O frevo é eminetemente urbano.

Quem diz isso não sou eu. São vários pesquisadores, pernambucanos ou não. Entre eles, José Ramos Tinhorão.

No frevo, os dobrados desdobraram-se e foram sendo acelerados. Primeiro, os passos dos capoeiristas que acompanhavam as bandas e disputavam os espaços das ruas. Depois, as notas musicais, mais rápidas, mais curtas e mais altas. O frevo tomava corpo e forma. O frevo mostrava a alma.

O frevo sempre foi do povo. Primeiro do lumpen que acompanhava as orquestras. Depois, dos trabalhadores urbanos mais organizados.


CLÓVIS CAMPÊLO


Acompanhemos Tinhorão:

"Até o início do século XX, as marchas que começavam a ser frevos, antes mesmo do aparecimento desse nome, ainda não possuíam o caráter explosivo que o frevo de rua adotaria posteriormente. Quando, porém, a partir do início do século, são rompidas as relações urbanas algo feudais do Recife pela presença das indústrias têxtil e açucareira, e a cidade se enche de novas camadas de trabalhadores procedentes da zona rural, dissociados das tradições locais, esses moradores de mocambos da zona alagada permitem o advento do frevo de rua estritamente orquestral, destinado pura e simplesmente à cega libertação de energia dos pés-de-poeira.

Para a música produzida pelas fanfarras em suas passeatas carnavalescas isso queria dizer que não havia mais qualquer compromisso com o repertório ora marcial, ora foclórico herdado do século XIX, e os metais podiam enfim explodir em colcheias e semicolcheias nas introduções que desenhavam uma melodia marcada por síncopas, enquanto o ritmo, desprezando as medidas de tempo, produzia a ginga visivelmente inspirada nas desarticulações do corpo dos dançarinos entregues à loucura do passo."

Ou seja, o povo criou o frevo e o povo o libertou das amarras iniciais. O frevo sempre foi do povo. E, passo a passo, a liberdade do passo foi sendo inventada, ordenada e consentida. O frevo sempre foi liberdade.

Falo do frevo de rua, é claro, e dentro das concepções do crítico e estudioso paulista. As opiniões de Tinhorão estão no livro Pequena história da música popular (Ed. Vozes, Petrópolis, 1974, pág. 137/146). São interessantes e polêmicas quando trata de analisar as outras modalidades do frevo (frevo-canção e frevo-de-bloco)...

Portanto, agora, quando novamente se aproxima o carnaval, vale a pena lembrarmos do ritmo autenticamente pernambucano.

Por enquanto, porém, falemos da invenção e das evoluções do frevo de rua, o frevo que encantou Tinhorão.

O resto virá depois. (CC)




segunda-feira, 30 de março de 2015

OS PINTOS DO DEPUTADO

CÁ ENTRE NÓS: DAVI DERRUBA QUALQUER MÉDIA


Pelo título pode não parecer, mas o texto é sério. Tão sério e casto que pode ser lido para toda família, logo após o jantar, pela vovó puritana.

O fato é o seguinte: nos últimos dias, a imprensa divulgou pesquisa feita por renomada entidade britânica com mais de 15 mil homens, para descobrir o que seria o tamanho médio do pênis (ereto) – algo que inferniza meninos, adolescentes, adultos e maduros de todo o mundo. Só não perturbam mais os velhos de todo o mundo, porque esses já nem sabem a serventia do penduricalho. É mais um estorvo que, com o passar dos tempos, somos obrigados a carregar.

Anos atrás, prestava serviço para um deputado. Não era seu assessor de imprensa, coisa que à época, início de 2000, já não tinha mais paciência para ser. Minha função era escrever artigos em seu nome e divulgá-los. Embora fosse do ramo, ele não tinha paciência para me dizer o que queria dizer (talvez não tivesse o que dizer), menos ainda para ler o que eu escrevia em seu nome. A parceria deu certo. Ele dizia acreditar no meu “taco”, que eu era isso, era aquilo, que eu era tudo de bom. Mas eu vivia sobressaltado, insistia com sua secretária, para que ele corresse ao menos os olhos naquilo que, para todos os efeitos, era obra de sua autoria. Até porque não sou e nunca fui médium. Esforço em vão. O homem não estava nem aí, tinha outras preocupações. Lucrativas.

Às segundas-feiras, tinha que enviar dois artigos diferentes (em nome dele, claro) para alguns jornais do interior. Desgraça das desgraças, naquela segunda, não tinha uma mísera ideia. As duas principais revistas semanais traziam em suas capas duas matérias sobre inutilidades. Uma delas tratava sobre pesquisa mundial sobre o tamanho médio do pênis. Dizia que nós, brasileiros, tínhamos pequena vantagem, coisa de meio centímetro, em relação à média mundial. A outra revista tratava de inutilidade afim. Não me lembro o assunto, mas também o bravo povo brasileiro levava vantagem.

Resolvi escrever sobre aquilo. O título, irônico, era mais ou menos assim: BRASIL 2 X O MUNDO (em homenagem a Osvald de Andrade). Fiz artigo sério, mostrando que tudo aquilo era bobagem, que a gente precisava se destacar em coisas importantes, como saúde, educação, segurança etc. Por via das dúvidas, insisti com a secretária para que o deputado lesse o texto antes de ser publicado. Mais uma vez, em vão. Dias depois, ele me ligou puto da vida:

-- Que diabos! Você quer acabar com minha carreira? Um desafeto publicou no site dele fotos minhas com a boca pintada de vermelho, tiara na cabeça... E com perguntas assim: “Dá para votar num deputado que, em vez de trabalhar pelo povo, está preocupado com o tamanho do pinto alheio?” Maldita hora em que confiei em você.


Inútil argumentar. Meia hora depois, ele já não se lembrava mais do assunto. Ocupado que estava com lucros eleitorais. Não perdi o contrato, ele perdeu a eleição. Mas – disso ele sabe – não foi por conta do tamanho do pinto de seu ninguém.

FRASES: GENTIL CARDOSO


FRASES
GENTIL CARDOSO

Ilustração: o fino da bola


Daqui pra frente, quero todo mundo indo pra cima e chutando a bola
 pra dentro da área de qualquer ângulo.
 Sabe como é: contra time pequeno, bola na bunda é pênalti.

***
A bola é de couro, o couro vem da vaca, a vaca gosta de grama,
então joga rasteiro, meu filho.

***
Quem se desloca recebe, quem pede tem preferência.

***
O craque trata a bola de você, não de excelência.

***
* "Estou com o povo e quem está com o povo não perde o poder"
(Ao comemorar o título de campeão carioca pelo Vasco, em 1952. 

Foi demitido ainda no vestiário).
***

Dêem-me Ademir, que eu lhes darei o campeonato.
***

“Só me chamam pra enterro, 
ninguém me convida pra comer bolo de noiva.”
(Gentil era sempre chamado pra treinar times em crise)



(O pernambucano Gentil Cardoso (1906 – 1970) só não fez chover: treinou times como o Flamengo, Botafogo, Vasco, Fluminense, Bangu, Bonsucesso, Ponte Preta, Corinthians, Santa Cruz, Sport e Náutico, entre outros, além da seleção brasileira. Foi campeão estadual pelas três equipes da capital pernambucana. Usava um megafone nos treinamentos.)

PARABÉNS A VOCÊ

foto: www.meuclubnet.com


Tomou um banho bem tomado, como há muito não tomava. Colocou o melhor vestido que tinha, fez as unhas das mãos e dos pés. Depois, ligou para a floricultura, encomendou seis buquês de rosas carmim. Ditou o que deveria ser dito nos cartões, todos anônimos e levemente eróticos. Acionou a melhor e única amiga que tinha – antiga vizinha, velha colega de trabalho. Pediu sua ajuda. Gostaria muito de receber telefonemas e e-mails nesta data querida. (A amiga não lhe faltou.) Comprou o melhor bolo da padaria. Não descuidou das velas.

Avisou mamãe que o dia seria agitado. E foi. O telefone tocou. Mensagens eletrônicas também chegaram, junto com o bolo da padaria e as flores.

Foi o aniversário mais feliz de sua vida. 


DEZEMBRO/2013
ATUALIZADO EM SETEMBRO DE 2017

GLÓRIA BRAGA HORTA

A FORÇA DO CORAÇÃO



Ponho-me a pensar por que

É mais forte o coração

Do que qualquer avião,

Esse monumento alado

De material pesado,

Que cruza veloz os céus,

Ante meus olhos e os seus...

Descobri e disse "Amém":

O avião vem do Homem,

O coração vem de Deus!



domingo, 29 de março de 2015

RAPIDÍSSIMAS (LXXIII)

SE ESSA RUA FOSSE MINHA....

PARA CARLOS HEITOR CONY
-- Eu me perdi por nada.

EMPRESTAR LIVRO?
-- Querida: caia fora. Você nunca leu nada, leria meu livro emprestado?

AONDE A VACA VAI...
De que lhe vale o computador de última geração se a cabecinha miúda é o que é: a de anteontem.

TEM QUE SER DO “TIME”
A moça vai longe, muito longe. Semi-analfabeta em Português e Inglês, agora estuda Alemão. Por chantagista, não lhe faltam mecenas.

BOBA ILUSÃO
O cretino acreditava que ser competente e sério era passaporte para a vida – uma vida profissional decente.

QUER SABER?
Diga tudo a um político – menos a verdade.

ALAMEDAS
As melhores ruas são as que, por arborizadas e passarinhas, não nos levam a destino algum. E ainda assim nos dão esperança.






sábado, 28 de março de 2015

RAPIDÍSSIMAS (LXXIII)

dcured.blogspot.com

COMO ANTES
Deixou a bronca de lado. De madrugada, aquiesceu. Foi tão bom.

GÊNIO DE CÃO
A velha não enxergava, ouvia pouco, mal dava passo adiante, pernas bambas. Mas jamais, em tempo nenhum, admitiu o óbvio: “Não tenho doença alguma. Quem manda aqui? Eu.”

AMANHÃ
Amanhã? Quem sabe? Vai que chega um passarinho, de uma asa só, e me aponta o rumo? Quem sabe?

HIPOCRISIA
Se não vai fazer, por que finge que vai?

VERBO IR
Sei que cedo ou tarde vou sem volta. Sei que você também vai. Lástima. Um dia, vamos todos. Minha pressa de ir é zero.

LEI DO MERCADO
Damos pouco, exigimos o máximo.

NÚMEROS
Por trás deles, há sempre uma legião de mentirosos. Basta ler os jornais, para constatar isso.

TAL E QUAL
Queria tanto ser o oposto dele que acabou exatamente igual a ele. Ou seja: aqui se faz...

QUEM MUITO SE COBRA...
Dá em nada.

DESILUSÃO
Quem mandou confiar?



IMAGENS: CLÓVIS CAMPÊLO




QUANDO O RECIFE É DOMINGO
Recife, março 2015

Fotografias de Clóvis Campêlo



sexta-feira, 27 de março de 2015

ADMITE-SE VENDEDOR

www.alessandru.com

Que seja engenheiro formado pela Escola Politécnica (USP), com mestrado concluído, que domine, além do Português e Inglês, outras duas línguas estrangeiras – de preferência Francês e Alemão – e que tenha sólidos conhecimentos de Tecnologia da Informação.

Além de boa aparência, exige-se do candidato à vaga: experiência mínima de dez anos, dedicação (comprovada) a trabalhos voluntários, cursos de extensão no exterior, paciência de Jó.

Obesos são carta fora do baralho – por lerdos e mais sujeitos a problemas de saúde.

Pagamos bem: R$ 1 mil de ajuda de custo, mais 2% de comissão sobre as vendas.

Eventuais danos no automóvel de nosso “colaborador” (é imprescindível que tenha condução própria) ficam por sua (dele, contratado) conta.

Sejam bem-vindos.

Indústria de salgadinhos assados
CHUMBINHO
O que não mata engorda

  


CHARGES: DIRETO DA "BESTA"


benett

BENETT – GAZETA DO POVO



ATRÁS DO JORNAL DA BESTA FUBANA 
SÓ NÂO VAI QUEM JÁ MORREU


AUTO_samuca




AUTO_sinfronio

SINFÔNIO – DIÁRIO DO NORDESTE


nani

NANI – CHARGE ONLINE



AUTO_newtonsilva

NEWTON SILVA – CHARGE ONLINE


AUTO_nicolielo

NICOLIELO – JORNAL DE BAURU




DALINHA

Dalinha Catunda


MARIA DO CAPITÃO


Salve Maria Bonita
Maria do capitão.
Mulher forte destemida
Que viveu sua paixão
Nos braços do cangaceiro
Que não tinha paradeiro
Mas roubou seu coração

Salve Maria Bonita
Que pegou sua estrada
Seguindo seu coração
Apenas ele e mais nada.
Os passos de Virgulino
Era mesmo seu destino
Estava determinada.

Salve Maria Bonita
E salve sua decisão.
Preferiu correr perigo
Preferiu viver paixão
Fugiu da vida pacata
Por não querer ser ingrata
E magoar seu coração.

Salve Maria Bonita
Maria do lampião
Companheira tão fiel
Do famoso Capitão.
Ao lado de seu amante
Levando vida de errante
Fez história no sertão.

Salve Maria bonita
Que na história ficou.
E quem não ouviu falar,
Na dona que se mandou
Para viver de emoção
Sem ligar para o padrão
Que o velho padrão ditou.




BRUNO NEGROMONTE

LETÍCIA PERSILES EXPÕE COISAS COTIDIANAS EM CARTAS DE AMOR E SAUDADE
A música, o lirismo e o teatro fundem-se de modo harmonioso neste primeiro álbum da atriz  e cantora carioca
Em 2014 completou-se duas décadas que o ator francês Jean Barrault faleceu aos 83 anos. Tal ator disse certa vez que o teatro seria o primeiro soro que o homem inventou para proteger-se da angústia. Já o multifacetado Nietzsche costumava dizer que sem música a vida seria um erro. Além destes, há também o poeta e escritor português Fernando Pessoa (ou Álvaro de Campos, se preferirmos identificá-lo por seu heterônomo) que chegou a afirmar todas as cartas de amor são ridículas pois não seriam cartas de amor se não fossem ridículas. A citação desses nomes aparentemente sem nexo e lógica alguma fundem-se de modo harmonioso quando a  alquimista Letícia Persiles mostra-se capaz de misturar esses e outros relevantes nomes do século XX em sua arte, ao seu som e a suas ideias de modo bastante ímpar. Carioca, a atriz e cantora vem constituindo um trabalho adornado por características bastante peculiares nas diversas minúcias que constituem as atividades que executa, dinâmica faz-se capaz de trazer elementos do folclore nordestino (sob influências de histórias populares e nomes como Ariano Suassuna) em plena comunhão com ícones contemporâneos e cosmopolitas como é o caso do compositor alemão Kurt Weill. "As cartas de amor e saudade" é um disco que traz junto a si a possibilidade de destrinchar-se em diversos sem perder a unidade, uma vez que neste contexto é possível vislumbrar a fusão de modo uníssono de diversos gêneros musicais ao longo das oito faixas presentes. Dentre os aspectos existentes é possível observar elementos da música flamenca junto a outros da cultura popular nordestina a partir de melodias muito bem arregimentadas. Então não é de se estranhar a capacidade de simbiose que "As cartas de amor e saudade" traz arraigada. Acredite, depois da audição deste álbum você por um instante pode vir a acreditar que a região do Crato cearense e Andaluzia, a famosa cidade espanhola, são cidades vizinhas. Vale salientar que a sua carreira como atriz teve início quando a atriz estava com onze anos e cerca de quatro anos depois Letícia já teve a oportunidade de formar a sua primeira banda. No entanto só por volta de 2009 foi que ela chegou a ganhar relativo destaque a frente banda Manacá ao lado dos músicos Luiz César Pintoni (guitarra), Daniel Wally (baixo) e Bruno Baiano (bateria) formando assim um dos quartetos de maior destaque da cena musical indie do Rio de Janeiro à época, chegando inclusive a gravar um disco. Vem desse período a participação de Persiles na minissérie global Capitu, interpretando a personagem principal, o que acabou gerando a possibilidade do quarteto ganhar espaço na trilha sonora da produção televisiva. Agora, cinco anos depois, a artista vem apresentando o seu primeiro trabalho solo imbuído por toda essa vasta experiência acumulada ao longo dos anos e que foram fundamentais para que a mesma pudesse adornar os mais distintos adjetivos à sua arte. Sob um olhar que transpassa a beleza de sua tonalidade esverdeada, Letícia traduz em suas letras e canções de modo bastante vigoroso todo o seu universo particular em letras que abordam os mais distintos temas como é o caso de "Tamarametista" que remete-nos a um tipo de amor caracterizado pela entrega total. Os ditos populares mostram-se em perfeita sincronia com sabores em uma gastronomia aguçada por sentidos e sensações. Já a reflexiva "No passo do passarinho" traz a experiência como palavra-chave, retratando a valorosa e instigante descoberta de um animal que acaba de sair do seu ovo e passa a caminhar com as próprias pernas. Dentre as regravações estão as faixas "Quem sabe", composta por Carlos Gomes no século XIX, "Youkali Tango" escrita pelo já citado compositor alemão Kurt Weill e registrada em 1934; sem contar com a canção "Dos Cruces", da dupla espanhola Carmello Larrea e Antonio Molina. O álbum ainda conta com mais duas canções: "Os versos e as horas" e "Catavento".
A belíssima arte do álbum vem sob a assinatura de André Luiz Machado a partir de fotos tiradas por Valkiria Persiles, mãe da atriz e cantora. As ilustrações foram confeccionadas pela própria Letícia, que também participou da produção do álbum ao lado de Toninho Ferragutti e Chico Neves, conceituado produtor do cenário pop nacional. Neves nas últimas duas décadas,foi responsável, dentre tantos, pela produção de álbuns como "O Dia em que Faremos Contato" do cantor e compositor Lenine e "Bloco do Eu Sozinho", da banda carioca Los Hermanos. Os arranjos de "As cartas de amor e saudade" ficaram a cargo de Bebê Kramer e Ferragutti (que também executa acordeon). Singelo, porém vigoroso, este projeto apresenta uma Letícia imersa em suas ideias em uma peculiar sonoridade. Os híbridos acordes que embalam as divagações da compositora sobre os mais variados temas fazem de "As cartas de amor e saudade" um álbum audacioso onde a artista apresenta-se de modo visceral e único a partir de composições intrinsecamente arregimentadas por letras bem escritas e uma sonoridade que dá ao disco uma unidade precisa. De modo singular cada faixa borda no disco os mais distintos temas e isso faz com que consequentemente seja também vivenciada as mais diversas sensações adornadas nos acordes executados brilhantemente pelos músicos que a acompanha. "As cartas de amor e saudade" chega para coroar em definitivo um trabalho que consegue abranger as entranhas de nossa cultura desnudando-as de conceitos e rótulos a partir do dissecamento da própria artista. Desprovida de qualquer vaidade Letícia Persiles desnuda-se e entrega-se, de corpo e alma, à Deusa música demostrando ter muito mais que olhos de ressaca. Deixo aos amigos leitores a regravação da composição de Carlos Gomes ("Quem sabe") para deleite de todos: http://minhateca.com.br/brunonegromonte/Leticia+Perciles,414697896.mp3(audio)

quinta-feira, 26 de março de 2015

ZÉ BONITINHO MORREU. O MUNDO FICOU MAIS FEINHO



www.sbt.com.br
O ator Jorge Loredo – o Zé Bonitinho –, de 89 anos, morreu na manhã desta quinta-feira (26), por falência múltipla dos órgãos. Ele estava internado no Hospital São Lucas, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, desde o dia 3 de fevereiro.

"Zé Bonitinho, o perigote das mulheres", como o personagem de Loredo se apresentava nos esquetes de humorísticos, fez parte do enredo "Beleza pura?" da escola de samba União da Ilha, que celebrou a beleza em suas várias interpretações. Zé Bonitinho se achava um galã irresistível, sempre ajeitando a cabeleira com um pente enorme, tão grande quanto seus óculos escuros.


www.folhavitoria.com.br

O personagem Zé Bonitinho foi criado por Loredo, inspirado num colega que se achava um grande galã. O ator costumava imitá-lo nas festas, arrancando gargalhadas. Zé Bonitinho estreou na televisão em 1960 no programa “Noites Cariocas”, exibido pela extinta TV Rio, com os primeiros textos roteirizados por Chico Anysio.

O irresistível personagem tinha bordões inesquecíveis, que Loredo repetia com a voz impostada de um conquistador: "Câmera, close; microfone, please", ou "Garotas do meu Brasil varonil: vou dar a vocês um tostão da minha voz!".


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No final dos anos 50, Loredo já era famoso com o mendigo filósofo que interpretava na TV Rio no programa “Rio cinco para as cinco’ e depois em “A praça é nossa”, com Manoel de Nóbrega, a quem o mendigo se apresentava com o bordão "Como vai, meu nobre colega?".

O personagem usava fraque e cartola, bem esfarrapados, monóculo e luvas. O figurino, segundo contava Loredo, foi tirado de um filme em Charles Laugthon fazia o papel de um mendigo aristocrata.

O personagem surgiu por ideia de sua mãe, que na infância conhecera um mendigo elegante que ia à sua casa pedir comida, mas queria uma mesa montada na garagem com toalha de renda e tudo.

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O mendigo filósofo fez tanto sucesso que Loredo teve como padrinho de casamento o ex-presidente Juscelino Kubistcheck. O que lhe valeu um bordão famoso. Ele terminava o quadro do mendigo dizendo: “Agora vou encontrar com aquele menino, o Juscelino...”.

Criou outros tipos: um italiano que não podia ver televisão porque queria quebrá-la; o profeta Saravabatana, que andava com uma cobra que dava consultas a mulheres; e o professor de português que tinha a voz do Ary Barroso. (Fonte: g1.globo.com)



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