MORAR BEM OU MORAR MAL?
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Morei
muitos anos em São Gonçalo lá no fim do fim do mundo, é verdade!
A
pracinha mais bonita era longe, as farmácias, postos de saúde e etc.
Ah!!!!!
Mas tinha um poço que quando estava vazio me dava respostas.
Tinha
uma ilha no quintal da dona Maria cuja areia clarinha flertava com a nossa
imaginação. Nos fundos da casa dela tinha uma floresta (exagero de imaginação
de criança) e no fim dela um rio.
Dona
Maria tinha uma plantação de inhames, nunca mais os comi depois que a vi
fazendo xixi em cima deles.
Tinha
também um quarto repleto de revistas, depois de muito raciocinar é que descobri
que eram todas de cunho pornográfico, um dia conto uma do super homem.
Lembrei-me
das meméias! Elas tinham um cabelinho difícil, minha mãe generosa que só,
tacava pente quente nas madeixas das meninas que ficavam tão felizes com os
seus cabelos dançantes. Pena que, na ilusão da cabeleira lisa achavam que
molhando, eles ficariam mais esvoaçantes.
A
gente até se dava bem, o problema é que elas cuspiam que era uma beleza.
O
terreno do turco e seu lixo maravilhoso. Nunca me faltaram frutas, nem
brinquedos. Podiam não ser novinhos em folha, mas encaixavam tão bem no nosso
universo.
As
rezas da benzedeira dona Lourdes, uma "nega" enorme com cara de anjo,
se era boazinha eu não sei, nunca nos fez mal. Minha mãe lavou bastante roupa
pra ela.
Os
gatos que no inverno a gente botava pra dentro de casa sem que minha mãe
soubesse.
O
café fresquinho com pão de ontem, duro feito pau que a gente aquecia no fogão.
Morei
bem ou morei mal? Se puder somar como eu fiz tantas lembranças e se estas lhe
causam sorrisos, não cabe julgar.
Vai
depender de tuas lembranças...
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