sábado, 7 de março de 2015

NÚBIA NONATO

MORAR BEM OU MORAR MAL?

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Morei muitos anos em São Gonçalo lá no fim do fim do mundo, é verdade!

A pracinha mais bonita era longe, as farmácias, postos de saúde e etc.

Ah!!!!! Mas tinha um poço que quando estava vazio me dava respostas.

Tinha uma ilha no quintal da dona Maria cuja areia clarinha flertava com a nossa imaginação. Nos fundos da casa dela tinha uma floresta (exagero de imaginação de criança) e no fim dela um rio.

Dona Maria tinha uma plantação de inhames, nunca mais os comi depois que a vi fazendo xixi em cima deles.

Tinha também um quarto repleto de revistas, depois de muito raciocinar é que descobri que eram todas de cunho pornográfico, um dia conto uma do super homem.

Lembrei-me das meméias! Elas tinham um cabelinho difícil, minha mãe generosa que só, tacava pente quente nas madeixas das meninas que ficavam tão felizes com os seus cabelos dançantes. Pena que, na ilusão da cabeleira lisa achavam que molhando, eles ficariam mais esvoaçantes.

A gente até se dava bem, o problema é que elas cuspiam que era uma beleza.

O terreno do turco e seu lixo maravilhoso. Nunca me faltaram frutas, nem brinquedos. Podiam não ser novinhos em folha, mas encaixavam tão bem no nosso universo.

As rezas da benzedeira dona Lourdes, uma "nega" enorme com cara de anjo, se era boazinha eu não sei, nunca nos fez mal. Minha mãe lavou bastante roupa pra ela.

Os gatos que no inverno a gente botava pra dentro de casa sem que minha mãe soubesse.

O café fresquinho com pão de ontem, duro feito pau que a gente aquecia no fogão.

Morei bem ou morei mal? Se puder somar como eu fiz tantas lembranças e se estas lhe causam sorrisos, não cabe julgar.

Vai depender de tuas lembranças...



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