O PLANTÃO
(Por Violante Pimentel) Num
dos seus movimentados plantões num hospital particular, em Natal (RN), o Dr.
Bernardo Celestino, entre diversos atendimentos, recebeu uma paciente,
acompanhada do marido, notando-se que se tratava de um casal diferenciado.
A
paciente, em perfeitas condições de falar, apesar das dores abdominais que
sentia e ânsia de vômito, mal podia abrir a boca para responder às perguntas do
médico, pois o marido interrompia suas palavras. Parecia que quem estava doente
era ele.
O
médico fazia perguntas à mulher, e o homem era quem respondia. Para completar o
impasse, antes que o médico fizesse qualquer exame na paciente, o marido quis
também tomar o seu lugar, dizendo-lhe que já sabia o que ele deveria receitar.
Nesse
ínterim, a paciência do Dr. Bernardo foi se esgotando, pois afinal de contas, o
médico ali era ele.
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Usando
do mais alto controle, o médico pediu ao homem que deixasse a esposa à vontade,
para relatar o que estava sentindo, e para que ele pudesse examiná-la. Somente
assim ser-lhe-ia possível diagnosticar o quadro e prescrever a medicação necessária.
O
marido da paciente mostrou-se insatisfeito com as palavras do médico, e ainda
insistiu em dizer o que o profissional deveria receitar.
Foi
então que o Dr. Bernardo, com o seu fino senso de humor e o seu modo educado de
tratar as pessoas, encarou o marido da paciente e falou:
-
Amigo, já deu pra notar que você entende de tudo. Mas, aqui nesta sala de
hospital, eu tenho uma regra, e faço questão de cumprir:
-
Aqui, a banana não pode comer o macaco!!! O macaco é quem come a banana!!!
O
homem ensaiou um leve sorriso, e, visivelmente contrariado, pediu desculpas ao
médico, deixando-o à vontade para ouvir as queixas da sua esposa, e em seguida
examiná-la.
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