quinta-feira, 5 de março de 2015

CLÓVIS CAMPÊLO

CASA DE BANHOS

A CASA DE BANHOS

Ficava situada nos arrecifes que separam o oceano do porto da cidade do Recife, nas proximidades da antiga Ponte Giratória. Foi construída em 1880 por Carlos José de Medeiros, que solicitou autorização do Governo para a construção. Era uma construção de madeira e ferro que lembrava um navio sem mastro.

De início, funcionava como a residência do construtor e da sua família, que posteriormente resolveu explorar comercialmente o local, transformando-o em uma hospedaria para fins medicinais. Foi denominado oficialmente como Grande Estabelecimento Balneário de Pernambuco, ficando conhecido na boca do povo, no entanto, como Casa de Banhos.

Segundo a Fundaj, em 1902, possuía cinco banheiros que permitiam o uso simultâneo de 350 pessoas. Continha 102 compartimentos próprios para a higiene dos banhistas, um grande salão de refeições, duas salas, um gabinete de leitura e outras dependências.

No início do século XX, o local era frequentado pelos recifenses e também era muito procurado pelos estrangeiros, tanto para o repouso quanto para os banhos salgados nas suas piscinas naturais.

Nos jornais recifenses eram propagadas as suas condições de higiene e conforto e citadas as curas de várias doenças, inclusive o beriberi, alcançadas por hóspedes que frenquetavam o local, a preços nunca superiores aos cobrados pelos hotéis da época.

As roupas utilizadas para os banhos eram feitas de baeta, um tecido felpudo de lã, e os calções estendiam-se até os joelhos.

CLÓVIS CAMPÊLO

Consta que a Casa de Banhos transformou-se em negócio tão próspero que foi comprada pelo inglês Sydney Rodhes, que introduziu vários melhoramentos e inovações nos locais, aumentando também a tabela de preços. Isso provocou a intervenção do Governador do Estado, general Emídio Dantas Barreto, que alterou o primeiro regulamento do estabelecimento, datado de 31 de outubro de 1895, reduzindo os preços e tornando obrigatórios e gratuitos a concessão de banhos diários para vinte doentes pobre da Santa Casa de Misericórdia do Recife.

No final da década de 1920, depois de um período de decadência, a Casa de Banhos foi destruída por um incêndio.

Recife, 2010




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