CÁ ENTRE NÓS: DAVI DERRUBA QUALQUER MÉDIA |
Pelo título pode não parecer,
mas o texto é sério. Tão sério e casto que pode ser lido para toda família,
logo após o jantar, pela vovó puritana.
O fato é o seguinte: nos
últimos dias, a imprensa divulgou pesquisa feita por renomada entidade
britânica com mais de 15 mil homens, para descobrir o que seria o tamanho médio
do pênis (ereto) – algo que inferniza meninos, adolescentes, adultos e maduros de todo
o mundo. Só não perturbam mais os velhos de todo o mundo, porque esses já nem
sabem a serventia do penduricalho. É mais um estorvo que, com o passar dos
tempos, somos obrigados a carregar.
Anos atrás, prestava serviço
para um deputado. Não era seu assessor de imprensa, coisa que à época, início
de 2000, já não tinha mais paciência para ser. Minha função era escrever
artigos em seu nome e divulgá-los. Embora fosse do ramo, ele não tinha
paciência para me dizer o que queria dizer (talvez não tivesse o que dizer), menos ainda para ler o que eu escrevia
em seu nome. A parceria deu certo. Ele dizia acreditar no meu “taco”, que eu
era isso, era aquilo, que eu era tudo de bom. Mas eu vivia sobressaltado,
insistia com sua secretária, para que ele corresse ao menos os olhos naquilo
que, para todos os efeitos, era obra de sua autoria. Até porque não sou e nunca
fui médium. Esforço em vão. O homem não estava nem aí, tinha outras
preocupações. Lucrativas.
Às segundas-feiras, tinha que enviar dois artigos diferentes (em nome dele, claro) para alguns jornais do interior. Desgraça das desgraças, naquela segunda, não tinha uma mísera ideia. As duas principais revistas semanais traziam em suas capas duas matérias sobre inutilidades. Uma delas tratava sobre pesquisa mundial sobre o tamanho médio do pênis. Dizia que nós, brasileiros, tínhamos pequena vantagem, coisa de meio centímetro, em relação à média mundial. A outra revista tratava de inutilidade afim. Não me lembro o assunto, mas também o bravo povo brasileiro levava vantagem.
Às segundas-feiras, tinha que enviar dois artigos diferentes (em nome dele, claro) para alguns jornais do interior. Desgraça das desgraças, naquela segunda, não tinha uma mísera ideia. As duas principais revistas semanais traziam em suas capas duas matérias sobre inutilidades. Uma delas tratava sobre pesquisa mundial sobre o tamanho médio do pênis. Dizia que nós, brasileiros, tínhamos pequena vantagem, coisa de meio centímetro, em relação à média mundial. A outra revista tratava de inutilidade afim. Não me lembro o assunto, mas também o bravo povo brasileiro levava vantagem.
Resolvi escrever sobre aquilo.
O título, irônico, era mais ou menos assim: BRASIL 2 X O MUNDO (em homenagem a Osvald de Andrade). Fiz artigo
sério, mostrando que tudo aquilo era bobagem, que a gente precisava se destacar
em coisas importantes, como saúde, educação, segurança etc. Por via das
dúvidas, insisti com a secretária para que o deputado lesse o texto antes de ser publicado. Mais uma vez, em
vão. Dias depois, ele me ligou puto da vida:
-- Que diabos! Você quer
acabar com minha carreira? Um desafeto publicou no site dele fotos minhas com a
boca pintada de vermelho, tiara na cabeça... E com perguntas assim: “Dá para
votar num deputado que, em vez de trabalhar pelo povo, está preocupado com o tamanho
do pinto alheio?” Maldita hora em que confiei em você.
Inútil argumentar. Meia hora
depois, ele já não se lembrava mais do assunto. Ocupado que estava com lucros eleitorais. Não perdi o contrato, ele
perdeu a eleição. Mas – disso ele sabe – não foi por conta do tamanho do pinto de
seu ninguém.
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