QUERER
É PODER?
Querer não é
poder, querer é saber!
Saber ter
sossego, saber olhar,
saber
cheirar, atar elos
e desatar
nós.
O querer pode
ser forte
mas também
tem de ter
uma boa dose
de sorte.
Sorte de
estar no lugar certo,
na hora
certa;
sorte de ter
o desejo
possível e
uma saudade
não
patológica.
Enfim, ter um
norte.
Querer é
saber que o todo,
o tudo, os
cabelos, a pele,
o mundo
formam um só
corpo e como
corpo
sólido que é,
não pode
contraiar as
leis da física
dos homens e
ocupar
de outro
corpo sólido
o mesmo lugar
no espaço.
CLÓVIS CAMPÊLO |
Finalmente,
querer é saber
que tudo é
possível
porque tudo
se inventa.
E quando a
gente se
contenta com
a própria
invenção,
independentemente
das
convenções sociais ou dos
sentimentos
de posse mesquinhos
o querer pode
ser tão bom
e tão simples
como simples
e bom
é o prazer de
querer e de
ter.
Recife, 1994
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