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O
CAMBURÃO
Um
governo que não agrada gregos nem baianos
está
a um passo de que todos se unam de novo
para
tirá-lo de onde está
POR
VLADY OLIVER
DO
BLOG DO AUGUSTO NUNES
Fosse
eu o presidente da república, em minúsculas mesmo, estaria sim preocupado com
os acontecimentos. Em primeiro lugar, sua única meta passou a ser ameaçada
pelas contingências. Tirar o Brasil da crise é aparentemente simples, mas exige
algo que ele não tem e vai jogando fora quando pode: credibilidade. Os índices
de confiança num país que rouba até centavos dos seus aposentados subiram um
pouquinho em meses anteriores, aliviados pelo impeachment da mulher barbada do
palácio. Evidente que isso não bastou.
Era
a prisão dos ladravazes, que inundaram o país de lama, a centelha de confiança
de que o país precisava para mudar de rumo. Ao declarar que prefere o maior
bandido de todos os tempos solto, por medo, Michel Temer vai mostrando de que
lado está. De um lado que não vai conseguir enganar a plebe rude por muito
tempo. Seriam necessárias mais que gomalina no cabelo, mesóclises e a tal
temperança elegante para convencer o país a abandonar a guerrilha e voltar para
o batente.
O
Rio de Janeiro é o primeiro e mais visível exemplo do que é ser governado e
extorquido por bandidos, até o talo. Um Estado falido, sem dinheiro para honrar
seus compromissos e na beira de uma crise sem precedentes, por não poder pagar
pelo péssimo funcionalismo público que contratou, todo esse tempo. Um
ex-governador celerado, exigindo ser transferido de Bangu para o Copa D’Or é o
que temos pra hoje, naquela cidade, um dia, maravilhosa. O engraçado da coisa é
que, aparentemente, forças opostas pelo vértice – uma ideologia tacanha – se
reuniram para invadir o Congresso e atacar a Alerj, no Rio de Janeiro.
Tanto
faz, percebem? Um governo que não agrada gregos nem baianos está a um passo de
que todos se unam de novo para tirá-lo de onde está. Sabemos que mais da metade
do Congresso é denunciada numa operação policial, que se esforçam para aprovar
leis que livrem seus rabos sujos da punição iminente, que juízes em Berlim se
esbaldam em supersalários que não deixam dúvidas de que estão de qualquer lado,
menos do lado da lei, mostram de forma inequívoca que este governo que mal
começou, já acabou.
Sinceramente?
Mais uma vez eu queria que minha dissensão fosse meramente ideológica. Não é. É
de caráter. De moral. De ética. De perceber que só poderíamos ser governados
por bandidos de uma facção com a cumplicidade, cobertura e falta de oposição de
todas as demais. A Lava Jato explicou tudo. Pro camburão com todos eles. Não
vai sobrar nenhum.
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