O
caipira tinha dinheiro de sobra, gostava de ostentar seus carrões, roupas de
grife e correntes de ouro, não abria mão de frequentar restaurantes caros. Mas
não gostava de passar por jeca – sejamos francos: ninguém gosta de passar por jeca,
ainda mais se for jeca.
Certa
feita, nosso matuto veio para a capital a negócios. Resolveu jantar num
restaurante chique. A desgraça é que ele não tinha a menor ideia do que pedir
para comer e beber. Não entendia o que estava escrito, em francês, no cardápio. Escolheu sua
mesa a dedo. Ao lado da mesa de um grã-fino.
--
Garçom, me traga o prato de sempre – pediu o bacana, frequentador assíduo da
casa.
O
caipira não deixou por menos:
--
Dois.
O
bacana pediu ao garçom “o vinho de sempre”.
E
o caipira:
--
Dois.
Nosso
jeca foi nessa batida até a hora da sobremesa. O bacana estava a ponto de estourar.
E estourou:
--
Garçom, isso aqui está insuportável. Quero o manobrista.
--
Dois, pediu o caipira.
--
Escuta aqui, cidadão: um manobrista dá para os dois.
O
caipira retrucou:
--
Nada disso! Cada um come o seu.
(OS-FEVEREIRO DE 2015)
Nenhum comentário:
Postar um comentário