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PEGOU
A CONTRAMÃO
O
presidente não faz milagre; não tem e nunca terá
uma
varinha de condão para mudar o Brasil,
mas
pode contribuir para termos um País melhor
POR
RICARDO BOECHAT
ISTO
É – 25/11/2016 | 18H
Depois
de ter anunciado publicamente em pronunciamento à imprensa de que só nomearia
para diretores de agências “pessoas com alta qualificação técnica” e após a
aprovação da Lei Geral das Agências, Temer recuou. A temporada das indicações
políticas corre solta.
Nesta
semana, no Senado, haverá a sabatina dos indicados para os cargos vagos na
Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Os futuros barnabés que chegam à
Anvisa são: William Dib, ex prefeito de São Bernardo do Campo (SP) e ex
deputado federal é apadrinhado pelo PPS e parte do PSDB, e Renato Porto,
indicado pelo senador Eunício Oliveira, com o apoio do PMDB.
Como
se pode perceber, tem muito blábláblá quando a Presidência da República diz
apoiar o projeto de lei que altera as nomeações para conselheiros e diretores
das agências reguladoras. Se a Lei Geral das Agências já estivesse aprovada,
nenhum dos dois apadrinhados preencheriam na plenitude os critérios de
experiência técnica e de gestão, além da formação acadêmica.
O
indicado Renato Porto, por exemplo, solicitou que a Anvisa pague os custos de
um mestrado que vai iniciar na Fundação Getúlio Vargas, por R$ 25 mil.
Teoricamente para alguém ocupar tal função, a pessoa já deveria ter tal
formação.
Na
nova Lei Geral das Agências, os indicados para diretor terão que ter quatro
anos de experiência de gestão, na área do órgão para o qual está sendo
indicado, e qualificação acadêmica compatível com o cargo.
Para
o público, Temer produz um discurso e na prática realiza outro. Fala num futuro
promissor, mas o presente tem práticas que não indicam mudanças. Ele assumiu
afirmando que a moral e a conduta ética-política seriam outras, mas a prática
privilegia benesses com verbas e cargos.
Michel
Temer precisa ter em mente que ele exerce um mandato e por ele será julgado
pela história. O presidente não faz milagre; não tem e nunca terá uma varinha
de condão para mudar o Brasil, mas pode contribuir decisivamente para termos um
País melhor. Uma forma de fazer isso é não usar a tinta de sua caneta para
fazer nomeações políticas. Quando age assim, engabela o distinto público.
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