DOIS AMIGÕES (FOTO: DANIEL FERREIRA) |
COMO
SE NÃO BASTASSE, GOVERNO
TEMER
ENFRENTA NOVA CRISE
POR
RICARDO NOBLAT
BLOG
DO NOBLAT
22/11/2016
| 03h09
O
episódio que põe em risco o emprego de Geddel Vieira Lima como ministro da
Secretaria de Governo do presidente Michel Temer se resume a um pedido de vista
– ou a mais de um. A saber:
*
Ao comprar um apartamento em um prédio de 30 andares a ser construído em uma
área tombada de Salvador, Geddel estava interessado na vista que de lá se
descortina da belíssima baía de Todos os Santos, a maior do Brasil em extensão
e a segunda do mundo. Só perde para o golfo de Bengala.
*
Para retardar a abertura de processo contra Geddel na Comissão de Ética da
presidência da República, o conselheiro José Saraiva, o único que deve, ali,
sua indicação a Temer, pediu vista do processo, alegando que precisava de mais
tempo para formar sua opinião a respeito.
*
Diante da suspeita de que Saraiva agira assim por “ordem superior”, o que
pegaria mal para Temer, o próprio Geddel telefonou para ele e pediu que
desistisse do pedido de vista do processo. E assim fez Saraiva – só não se sabe
se em atendimento ao pedido de Geddel ou por ter formado sua opinião a respeito
do processo em um par de horas.
*
Em seguida, Temer pediu vista do caso antecipando-se ao que a Comissão de Ética
venha a decidir, e avisou por meio do seu porta-voz que Geddel será mantido no
cargo. Só faltou acrescentar: “Doa em quem doer”.
A
confusão não servirá para que Geddel resgate a tão desejada vista da baia de
Todos os Santos, afinal a construção do prédio foi embargada pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Servirá, apenas, para fazer sangrar
um pouco mais a imagem de um governo com baixíssima taxa de aprovação.
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