sexta-feira, 11 de novembro de 2016

QUASE HISTÓRIAS

internet

TRAUMA NÃO SE DISCUTE

-- Pois é, doutor: relutei muito antes de vir aqui. Sempre achei análise uma bobagem. Coisa de quem gasta uma fortuna para não resolver nada. Sou pragmática. Quero resultados.

-- E por que resolveu vir até aqui, agora?

-- Porque me dei conta de que, sozinha, já não sei lidar com meu trauma.

-- Estou aqui para ouvi-la, ajudá-la. Fale, fique à vontade. Sinta-se em casa.

-- Sou bem-sucedida profissionalmente. Sou formada, pós-graduada, doutorada, calejada por cursos e mais cursos disso e daquilo. Falo várias línguas. Fluentemente. É difícil encontrar um assunto sobre o qual eu não tenha posições firmes. Passei em vários concursos. Ascendi nos empregos por mérito, apenas e tão somente por mérito. Ganho muito bem, bota bem nisso. É que...

-- Que maravilha! É admirável encontrar uma pessoa como você, com tantas qualidades. Não entendo a razão de trauma, complexo ou algo parecido. 

-- O senhor sabe o que é passar a adolescência, a juventude e a idade madura sem nunca ter sido convidada para fazer o teste do sofá, sem nunca ter sido chamada de “gostosa” na rua, sem nunca ter recebido um mísero assovio? Se não sabe, fique sabendo: é uma m...  (março de 2013)

Nenhum comentário:

Postar um comentário