FOTO: MARCELO MAGALHÃES |
MORDOMIA
ESCANCARADA
POR
RICARDO BOECHAT
ISTO
É
11/11/2016
| 18H
Deputados
que compõem a base aliada do governo derrubaram na semana passada, na Comissão
de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados, os requerimentos de
informação que solicitavam esclarecimentos sobre o uso de aviões da Força Aérea
Brasileira para deslocamentos domésticos por parte de ministros.
Segundo
levantamento feito pelo jornal “O Estado
de S. Paulo”, Suas Excias. utilizaram 781
vezes os jatos executivos da FAB, desde que Michel Temer tomou posse. Em 238 ocasiões, os deslocamentos tiveram
como origem ou destino as cidades onde vivem os ocupantes do primeiro escalão
do governo, sem apresentar uma justificativa adequada nas agendas oficiais, que
devem ser sempre divulgadas pela internet.
Trata-se
de uma orgia com os recursos públicos. Dependendo do destino, algumas viagens
custam até R$ 100 mil. Desperdício
imoral, sobretudo se considerarmos que alguns dos usuários são pessoas que de
dia discursam sobre as dificuldades financeiras da administração federal, mas à
noite voam como príncipes.
Felizmente
não são todos os ministros. Mas a lista dos usuários é extensa. Inclui Geddel Vieira Lima (Secretaria de
Governo), Gilberto Kassab (Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações), Alexandre
de Moraes (Justiça), Ricardo Barros
(Saúde), Osmar Terra (Desenvolvimento
Social e Agrário) e José Serra
(Relações Exteriores). Eles vivem em cidades fartamente atendidas por linhas
áreas regulares.
Os
que usam e abusam desse expediente deveriam ter em mente que toda vez que um
avião da FAB se desloca são os contribuintes que pagam o combustível, o
desgaste do equipamento, as horas da tripulação e por aí afora. Se há previsibilidade
na viagem, as autoridades deveriam esperar as promoções das companhias aéreas,
sempre abundantes. Se comprar um pacote de bilhetes, os preços vão ao chão.
Importante
frisar que a zona não é de hoje. No ano passado, entre janeiro e setembro,
ministros de Dilma Rousseff fizeram uso da mordomia mais de 2.400 vezes, transformando em letra
morta decretos da então presidente que pretenderam disciplinar o serviço.
Aliás, não está sendo diferente com Temer. É duro reconhecer, mas as práticas
dos nossos governantes, desde Tomé de Souza, mais os assemelham do que
distinguem.
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