quinta-feira, 10 de novembro de 2016

POLÍTICA/OPINIÃO: RICARDO NOBLAT


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ERRAMOS GRAVEMENTE

A mídia americana – mas não só ela – feriu de morte axiomas
que a sustentam e legitimam, tais como a busca de isenção,
o principal pilar da sua credibilidade, e a pluralidade de opiniões

POR RICARDO NOBLAT
BLOG DO NOBLAT
10/11/2016 | 03h38

Como não ser contra, radicalmente contra um candidato a presidente do mais poderoso país do mundo capaz de defender coisas do tipo:

* As mulheres devem ser julgadas pela aparência e saírem de cena depois dos 35 anos;

* Contra o terrorismo, deve-se proibir a entrada de árabes nos Estados Unidos, vigiar mesquitas e usar técnicas extremas de interrogatório como o afogamento;

* É necessária a construção de um muro enorme entre os Estados Unidos e o México para barrar a entrada de pessoas indesejáveis;

* Os cerca de 11 milhões de imigrantes ilegais devem ser deportados;

* O movimento em defesa de negros vítimas de violência policial só está procurando problemas;

* O aquecimento global não passa de balela.

A mídia americana, mas não só, assumiu como sua principal tarefa nos últimos seis meses derrotar o misógino, sexista, racista, mentiroso, sonegador de impostos e temerário Donald Trump.

Compreensível que tivesse procedido assim por meio de editoriais e de reportagens de investigação sobre personagem tão perigoso para o futuro do país e, por extensão, do mundo.

Mas ela não se limitou a isso. Elegeu Trump como alvo da mais gigantesca campanha de desconstrução jamais sofrida por um político em parte alguma. E cerrou fileira com a adversária dele.

Foi além: protegeu Hillary Clinton o quanto pôde. E preferiu fechar os olhos a todos os sinais que poderiam sugerir um desfecho diferente para uma eleição que desejava ganhar a ferro e fogo.

Feriu de morte axiomas que a sustentam e legitimam, tais como a busca de isenção, o principal pilar da sua credibilidade, e a pluralidade de opiniões.

De resto, incorreu no erro elementar de confundir o que queria que acontecesse com o que poderia acontecer. Resultado: colheu um desastre – mais um – de consequências, por ora, inimagináveis.

A vitória de Trump foi só dele. A derrota da mídia, infelizmente, não foi só dela. Foi também de todos que carecem de informações confiáveis para tomar decisões e orientar suas vidas.

Daí a surpresa universal com a eleição de Trump.

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