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ERRAMOS
GRAVEMENTE
A
mídia americana – mas não só ela – feriu de morte axiomas
que
a sustentam e legitimam, tais como a busca de isenção,
o
principal pilar da sua credibilidade, e a pluralidade de opiniões
POR
RICARDO NOBLAT
BLOG
DO NOBLAT
10/11/2016
| 03h38
Como
não ser contra, radicalmente contra um candidato a presidente do mais poderoso
país do mundo capaz de defender coisas do tipo:
*
As mulheres devem ser julgadas pela aparência e saírem de cena depois dos 35
anos;
*
Contra o terrorismo, deve-se proibir a entrada de árabes nos Estados Unidos,
vigiar mesquitas e usar técnicas extremas de interrogatório como o afogamento;
*
É necessária a construção de um muro enorme entre os Estados Unidos e o México
para barrar a entrada de pessoas indesejáveis;
*
Os cerca de 11 milhões de imigrantes ilegais devem ser deportados;
*
O movimento em defesa de negros vítimas de violência policial só está
procurando problemas;
*
O aquecimento global não passa de balela.
A
mídia americana, mas não só, assumiu como sua principal tarefa nos últimos seis
meses derrotar o misógino, sexista, racista, mentiroso, sonegador de impostos e
temerário Donald Trump.
Compreensível
que tivesse procedido assim por meio de editoriais e de reportagens de
investigação sobre personagem tão perigoso para o futuro do país e, por
extensão, do mundo.
Mas
ela não se limitou a isso. Elegeu Trump como alvo da mais gigantesca campanha
de desconstrução jamais sofrida por um político em parte alguma. E cerrou
fileira com a adversária dele.
Foi
além: protegeu Hillary Clinton o quanto pôde. E preferiu fechar os olhos a
todos os sinais que poderiam sugerir um desfecho diferente para uma eleição que
desejava ganhar a ferro e fogo.
Feriu
de morte axiomas que a sustentam e legitimam, tais como a busca de isenção, o
principal pilar da sua credibilidade, e a pluralidade de opiniões.
De
resto, incorreu no erro elementar de confundir o que queria que acontecesse com
o que poderia acontecer. Resultado: colheu um desastre – mais um – de
consequências, por ora, inimagináveis.
A
vitória de Trump foi só dele. A derrota da mídia, infelizmente, não foi só
dela. Foi também de todos que carecem de informações confiáveis para tomar
decisões e orientar suas vidas.
Daí
a surpresa universal com a eleição de Trump.
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