ARQUIVO GOOGLE |
RECORDAR É VIVER
SUGESTÃO DE NOTA A SER DIVULGADA
UM DIA PELA DIREÇÃO DO PT
(26/10/2004)
POR RICARDO NOBLAT
EM 26/10/2016 - 13h06
Por todas as razões já expostas e exaustivamente discutidas, não dá
para alterar a política econômica herdada do governo anterior. À luz do que
ocorre em outras partes do mundo, a política é essa mesma e não percamos mais
tempo com debates estéreis.
Também não dá para se aferrar a purismos de outrora quando se
recusava determinadas alianças por julgá-las espúrias. Só se alcança o poder
por meio de golpe, revolução ou eleição. Só se ganha eleição por meio de
alianças. E uma vez no poder, só é possível conservá-lo preservando as alianças
que garantiram a vitória ou então promovendo outras. Há que se tapar o nariz,
fazer todas as concessões possíveis e seguir em frente.
Justamente por isso, não dá para tolerar a indisciplina interna. O
confronto acirrado de ideias é permitido até que as instâncias mais elevadas tomem
uma decisão final. A decisão deverá ser respeitada mesmo por aqueles que em sã
consciência discordem dela. Que a ética, valores e princípios se subordinem aos
interesses coletivos. Não dá para se ficar lembrando, lembrando e lembrando
teimosamente compromissos passados.
O realismo sugere postura distinta. Seria muito bom que se pudesse,
por exemplo, abrir os arquivos da ditadura para se buscar ali respostas às
interrogações das famílias que perderam parentes ou que desejam reparação do
Estado. Elas não querem vingança - já se foi o tempo que queriam. E sabem que a
lei da anistia apagou culpas e culpados. Aspiram, tão-somente, a saber o que
aconteceu com seus mortos. E, em alguns casos, a oferecer-lhes sepultura digna.
Infelizmente, não será possível. Os arquivos permanecerão fechados para evitar
que a governabilidade seja posta em risco.
Finalmente, compreendam que não se muda um país da complexidade do
Brasil em curto prazo - um país que até há pouco foi governado por gente que
não queria mudar nada ou que só queria mudar o necessário para que tudo ficasse
como estava. Há que se ter paciência. E fé. E aos impacientes, aos rebeldes,
aos inconformados com o lento caminhar da História, recomenda-se que tentem
começar tudo novamente, se para isso tiverem tempo e disposição.
Corram atrás de novos sonhos - ou ressuscitem os que se frustraram.
Indaguem, procurem, encontrem pessoas habilitadas para transformá-los em
propostas concretas e factíveis. E que sejam felizes. Sem medo de serem.
VEJA TAMBÉM AS CHARGES DO DIA
Afinal, de quem Dom Menas é mais amigo:
de Marcelo Odebrecht ou do alheio? Sponholz esclarece. (OS)
Nenhum comentário:
Postar um comentário