DE BANQUETE EM BANQUETE... BRASÍLIA VIRA ROMA |
SOMOS TODOS IGUAIS.
OU MAIS IGUAIS
Tão logo assumiu o poder, Temer aprovou um forte aumento
para as 38 carreiras mais organizadas do serviço público.
Custo total: R$ 170 bilhões
POR CARLOS BRICKMANN
Nada de hesitações: o importante é combater a crise, com os
sacrifícios que isso exige de todos. O Governo propôs emenda constitucional que
limita os gastos do próprio Governo, e para aprová-la na Câmara promoveu dois luxuosos e caros banquetes, em
palácio, para centenas de deputados.
É bonito ver como o povo, unido, se articula para o duro embate.
Tão logo assumiu o poder, Temer aprovou um forte aumento para as 38 carreiras mais organizadas do
serviço público. Custo total, R$ 170
bilhões. Estas carreiras já estão prontas pra enfrentar a crise. E aprovou
outro aumento, de 47%, para outras
carreiras bem organizadas, entre elas a Polícia Federal, no dia seguinte ao da
aprovação do limite de gastos do Governo. O funcionalismo desses setores já
está apto a enfrentar a crise.
O Governo é que ainda está atrapalhado: em setembro, seu déficit foi
de R$ 25,3 bilhões – um recorde,
quase o quádruplo de setembro do ano passado. Em 12 meses, o buraco federal já
chegou a R$ 138 bilhões. E o
orçamento prevê que, em dezembro, o rombo pode bater em R$ 170 bilhões – praticamente o custo daquele primeiro momento de
generosidade oficial. Como é duro um Governo preparar seus servidores para a
crise!
Os bancos se armaram para a crise jogando os juros ao alto. Cartões,
15,7% ao mês; cheque especial, 324% ao ano. E nós? Que quer, moleza?
Ganhando menos na crise, temos é de trabalhar mais. Se houver emprego.
DE JUCÁ PARA TEMER: CADÊ CORISCO? |
QUESTÃO DE DETALHES
A nova rodada de aumentos foi tão discreta que a líder do Governo no
Congresso, senadora Rose de Freitas, de nada sabia. Era contra e decidiu deixar
o cargo. A aprovação, por uma comissão da Câmara, ocorreu só oito horas após o
plenário aceitar a emenda constitucional que impôs limites aos gastos oficiais.
A tática era deixar o aumentão passar despercebido, sob a sombra da emenda. Nem
isso deu certo. A base não chegou a rachar, mas muitos parlamentares se
sentiram enganados. E vão cobrar.
O EQUILIBRISTA
Temer deve escolher, para a liderança do Governo no Congresso, o
senador Romero Jucá, do PMDB de Roraima. Jucá é um político de excelente
trânsito em todas as áreas: foi presidente da Funai com Figueiredo, governador
nomeado de Roraima com Sarney, ministro e vice-líder do Governo com Fernando
Henrique, líder do Governo no Congresso com Lula e Dilma, ministro com Temer.
Um político de convicções firmes: está sempre com o Governo. Se o Governo muda,
problema do Governo.
SERRA, TEMER,
ODEBRECHT
A delação premiada de Marcelo Odebrecht e de 80 dirigentes de suas empresas está marcada para o dia 8. Mas as
informações já começaram a vazar. As mais explosivas se referem ao presidente
Michel Temer e ao chanceler José Serra. Serra, o mais atingido pelos vazamentos,
teria recebido R$ 23 milhões da
Odebrecht, no Brasil e na Suíça, na campanha presidencial de 2010. Ao assinar a
delação premiada, a Odebrecht entregaria os comprovantes dos depósitos no
Brasil e no Exterior. Serra disse que “não vai se pronunciar sobre vazamentos
de supostas delações relativas a doações feitas ao partido em sua campanha”.
LULA, O RÉU
O juiz Sérgio Moro marcou para 21 de novembro as primeiras
audiências do processo contra Lula. Devem ser ouvidos, até o dia 25, Nestor
Cerveró, Fernando Baiano, Paulo Roberto Costa, Delcídio do Amaral, Pedro
Correia e Alberto Youssef. Depois, Moro deve ouvir Léo Pinheiro, ex-presidente
da empreiteira OAS, sobre o triplex do Guarujá.
As preliminares estão pegando fogo: Lula decidiu abrir processo
contra o delegado Felipe Hile Pace, da Polícia Federal, que o identificou como
o “Amigo” citado nas planilhas da
Odebrecht. Pede indenização de R$ 100
mil. E insiste em afastar Moro, considerando-o parcial e, portanto,
suspeito.
AS NOVIDADES
Zeca Dirceu, filho de José Dirceu, e Antônio Palocci são agora réus.
REFORMAR SEM
REFORMA
Não leve a sério o noticiário sobre a reforma política, cuja
discussão começa nos próximos dias. A reforma é necessária: as campanhas são
caras demais, exigindo doações demais (e, depois, há a retribuição); há
parlamentares demais; há partidos demais. Mas que parlamentar irá mudar o
sistema pelo qual se elegeu? É onde sabe se mover. Mudar, jamais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário