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AS ALGEMAS DA SUBMISSÃO VOLUNTÁRIA
Muitos intelectuais, dia sim, dia também, achavam o que dizer
contra FHC, mas depois da assunção de Lula e de Dilma ao poder,
passaram a presenteá-los com um silêncio obsequioso
POR DEONÍSIO DA SILVA (*)
BLOG DO AUGUSTO NUNES
Em 25/10/2016 às 16:02
O que a História ainda está por mostrar é o par de algemas de
submissão voluntária com que tantos intelectuais brasileiros — sim, existe a
espécie, e a maioria lê muito pouco — prenderam a si mesmos. Numerosos deles,
dia sim, dia também, achavam o que dizer contra FHC, mas depois da assunção de
Lula e de Dilma ao poder, passaram a presenteá-los com endossos irracionais e
um silêncio obsequioso, que na Igreja é usado como punição. Como se o silêncio
não fosse aquilo que se diz naquilo que se cala.
À beira dos 70, que faço daqui a dois anos, não publico minhas
anotações, nem faço brotar minha memória ainda, pelo desgosto da náusea, pois
esses intelectuais me enganaram mais e mais tempo do que Lula e Dilma. Só para
exemplificar, lembro o cinismo da senadora Kátia Abreu, a quem coube formalizar
a farsa do fatiamento do impeachment para que Dilma pudesse ganhar a
sobrevivência “como professora”. E o de José Dirceu pedindo clemência ao juiz
Sérgio Moro para que pudesse sustentar a filha de seis anos ganhando a vida com
o seu trabalho.
O ancião sequer se poupa de lançar sobre a própria menina, ainda na
idade da inocência, a mácula desta infâmia, desta mentira, proferida diante de
um juiz. A quem esse pessoal afinal respeita? A ninguém? Vamos em frente.
(*) Deonísio da Silva
é professor, escritor e etimologista
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