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DE ONDE VÊM AS PALAVRAS:
ACORDA, MARIA BONITA!
Por Deonísio da Silva
Blog do Augusto Nunes
Este pode ser um recado para todos os prefeitos recentemente eleitos. Esta frase é verso de um famoso
baião, gênero musical que influenciou até mesmo os Beatles, de que é exemplo a
canção She Loves You (ela te ama).
Estava presente no cangaço, mas o baião mais célebre só foi difundido no
ambiente urbano depois do sucesso de Acorda,
Maria Bonita, logo transformada em marchinha, no Carnaval de 1956.
Os primeiros versos convocam a mulher a trabalhar logo cedo, como
devem fazer os prefeitos agora eleitos: Acorda, Maria Bonita/ levanta vai fazer
o café/ que o dia já vem raiando/ e a polícia já está de pé.
É controverso o nome verdadeiro da mulher de Lampião. Sabe-se apenas
que abandonou o marido, um sapateiro, para seguir o cangaceiro, por quem se
apaixonou e ao lado de quem morreu lutando, em 1938.
A marcha tem um tom de lamento de quem não pode evitar uma
despedida: Se eu soubesse que chorando/ empato a tua viagem/ meus olhos eram
dois rios/ que não te davam passagem. Havia música e poesia nas guerras da caatinga.
Também a famosa atriz italiana Silvana Mangano canta um baião. É o Baião de Ana, no filme Arroz Amargo, seu primeiro grande
sucesso, em 1949.
O gênero baião só não é mais antigo do que o cargo de prefeito, do Latim praefectus, um cargo criado pelo
Império Romano a partir de prae facere,
depois prae ficire, fazer antes, isto
é, planejar. Sábios, eles não ignoravam que a vida nas cidades requeria
administradores qualificados, capazes de antever as necessidades do povo e
providenciar a solução dos problemas vindouros.
Deonísio da Silva
é professor, escritor e etimologista
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