ROQUE SPONHOLZ |
AMIGO É COISA PRA SE GANHAR
Na belíssima área rural, o sinal do celular era fraco.
E surgiu, magicamente, uma torre de celular, que outros
amigos cuidaram de instalar
POR CARLOS BRICKMANN
VIA BLOG DO AUGUSTO NUNES
EM 26/10/2016, ÀS 6H12
E onde se guarda um amigo? “No lado esquerdo do peito”, ensinam
Milton Nascimento e Fernando Brant na esplêndida “Canção da América”. No mesmo
lado do peito em que se guardam as recheadas, generosas, dadivosas (ou,
conforme o caso, receptivas e gulosas) carteiras.
O pensamento voou, e ele disse que gostaria de ter um sítio para
passar alguns fins de semana. Amigos compraram o sítio e o puseram à sua
disposição. Outros amigos o reformaram para receber o ilustre hóspede. Na
belíssima área rural, o sinal do celular era fraco. E surgiu, magicamente, uma
torre de celular, que outros amigos cuidaram de instalar. Mas por mais belo que
seja, um sítio pode tornar-se monótono. E os amigos apareceram com um triplex à
beira-mar, com piscina exclusiva, cozinha top e elevador.
O que importa é ouvir a voz do coração, e estender a bênção da
amizade aos próximos. Amigos providenciaram o apartamento em que mora o filho,
tranquilo, livre de aluguel. Os sócios do garotão, com 50% da empresa, nunca
fizeram questão de receber sua parte nos lucros. Num ano, o filho recebeu 100%
dos lucros; em outro, 96%; em outro, 62%.
Pois o que importa, entre amigos, não é dinheiro, é ouvir a voz que
vem do coração. Amizade gera amizade: só um dos bons amigos multiplicou seu
faturamento por nove, em oito anos. Boa parte por baixo de sete chaves.
Alguém pode reclamar quando dizem que seu apelido era “Amigo”?
SPONHOLZ |
Todo mundo…
É preciso cortar despesas, diz o presidente Michel Temer aos
parlamentares aliados, defendendo em lauto banquete, pago com dinheiro público,
uma tese correta: limitar os gastos federais pelos próximos 20 anos. É preciso
cortar despesas, diz o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para que os
juros possam baixar e a economia volte a crescer.
…menos eu
Mas, antes mesmo que a limitação das despesas federais seja votada,
já existe quem defenda economia só para os outros. Na comissão da Câmara sobre
reforma política, a primeira proposta trata de um bom aumento de despesas. O
tucano mineiro Marcus Pestana quer criar o Fundo de Defesa da Democracia, com
verba de R$ 3 bilhões anuais, para
bancar as despesas dos partidos com manutenção e campanhas. A verba multiplica
por pouco mais de quatro os gastos com o Fundo Partidário e atende a uma ideia
originalmente petista, de pagamento de campanhas com dinheiro público.
Me dá um dinheiro
aí
O caro eleitor não tem vontade de pagar a conta da campanha de
ninguém? Bem-vindo ao clube! A desculpa da nova ordenha é que, sem as doações
de pessoas jurídicas, não há dinheiro para as campanhas (o PT acrescenta que
doadores privados tendem a beneficiar partidos que lhes retribuirão o favor).
Só que não é assim: na rigorosa Alemanha, onde o financiamento de campanhas é
exclusivamente público, o primeiro-ministro Helmut Kohl perdeu o posto quando
descobriram que reforçava seu caixa eleitoral com doações privadas. Imagine no
Brasil.
Um dia frio
Sim, ainda há gente bem-humorada na Capital Federal. Diziam que, se
frio na barriga fosse transmissível, Brasília nesses dias seria uma nova
Sibéria. Foi aceita a delação premiada de Marcelo Odebrecht e dezenas de seus
executivos. Tudo certo, organizado, arquivado nos computadores, com nome de
quem entregou e de quem recebeu, quantia, local, horário. Começa a temporada de
verificações – e vazamentos, talvez seletivos.
Quem é?
As informações são de O Globo:
os executivos da Odebrecht delataram 130
deputados, senadores e ministros; 20
governadores ou ex-governadores. São citados o presidente Michel Temer, os
ministros Eliseu Padilha (seu auxiliar mais próximo, da Casa Civil), Geddel
Vieira Lima (Governo) e José Serra (Relações Exteriores); e os ex-poderosos
Guido Mantega, Eduardo Cunha e Antônio Palocci.
É vendaval
O caso Pasadena (uma refinaria de petróleo apelidada de Ruivinha, de
tão enferrujada) demonstrou que a direção a Petrobras, nos governos Lula-Dilma,
não sabia comprar instalações no Exterior — ou, o que é muito pior, sabia, sim.
Mas essa falha era compensada: segundo ação popular aceita pela juíza Maria
Amélia de Carvalho, da 23ª Vara de Justiça Federal do Rio, a empresa também não
sabia vender instalações no Exterior. Diz a ação popular que a venda dos ativos
da Petrobras na Argentina à Pampa, no finzinho do Governo Dilma, deu prejuízo
de U$ 1 bilhão. No Japão, a
Petrobras comprou refinaria em Okinawa, há oito anos, por US$ 350 milhões. Neste ano, Dilma cuidando só do impeachment, a
refinaria ficou quase parada desde março. A Petrobras vendeu-a por US$ 129 milhões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário