segunda-feira, 24 de outubro de 2016

ÀS VEZES, O AMOR É BESTA


 -- Ananias: você sabe que eu não gosto de dar conselhos. É perda de tempo. Todo mundo sabe o que precisa ser feito. Se não faz é por que não quer ou por que não pode fazer. Então, é melhor a gente ficar calado. Muito embora isso seja difícil quando a situação envolve pessoas que a gente ama.

Ananias quis, então, saber do Velho Marinheiro, nosso Lobo do Mar, caçador implacável de bicho de pé inexistente, o porquê daquele comentário.

-- Ontem, tive uma conversa séria – e longa – com Irene, minha neta, paixão de minha vida.

-- Posso saber o assunto?

-- Entre namoro e noivado, Irene está com aquele vagabundo do Tiago há dez anos. Nunca fui com a cara dele. Não para em emprego algum. Ora quer ser vendedor, ora quer ser assessor político. Na semana seguinte, os planos inexistentes já são outros. É tão mandrião que chegou a pisar descalço em brasas só para ganhar uns meses de licença médica.

-- Pisar sobre brasas? Sem sapatos?

-- É. Pode uma coisa dessas? À época, nos disse que estava fazendo um curso de autoajuda, algo assim. Voltando a ontem. O fato é que ele está sempre sem ocupação. Eu disse a Irene que das duas uma: ou ele é vagabundo, ou ele é azarado. Seja lá o que ele for – vagabundo ou azarado –, casar com um tipo desses é contratar a desgraça anunciada, é caminhar a passos ligeiros para o inferno.

-- E o que lhe disse sua neta?

-- Que ela ama o homem brasa. Ananias: o amor não é cego, não. O amor, às vezes, é besta.  (OS)

2 comentários:

  1. Sei bem, ou a maioria de nós, sabe bem o que é isso! O amor não é cego não! Ninguém fica com sapo, pensando que é príncipe! Principalmente a mulher, que é muito intuitiva...ela sabe que é sapo, sempre! Mas pensam tbém que são mulheres Maravilha e que tem o poder de transformar tudo...ninguém muda ninguém!E vivem infelizes para sempre!

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    1. Pois é, Marlene. Bobo, boba, ninguém é. Só que, não raro, a gente insiste em ser besta. Pelo amor? Se for, é amor é besta. Ou não é amor, sei lá. Bjs.

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