segunda-feira, 24 de outubro de 2016

PALAVRAS & EXPRESSÕES




DE ONDE VÊM AS PALAVRAS:

COBRA QUE PERDEU O VENENO

POR DEONÍSIO DA SILVA (*)

Blog do Augusto Nunes
23/10/2016 – 10h02

Resultado de imagem para imagens lula jararaca
ARQUIVO GOOGLE

“Jararacas e cascavéis se tornam inofensivas, distribuindo dentadas inócuas, humilhadas e furiosas na consciência da própria fragilidade”, escreveu Luís Da Câmara Cascudo (1898-1986), acrescentando: “aplicam aos casos de irritação permanente, cólera recalcada, desajustamento notório”.

Até parece que estava antecipando a definição que de si mesmo daria o ex-presidente Lula, quando disse que tinham mexido com “a jararaca”, em comício feito logo após sua condução coercitiva para depoimento, por determinação do juiz Sérgio Moro, na manhã de 4 de março de 2016.

Advogado, antropólogo, historiador e jornalista, Câmara Cascudo é autor de extensa bibliografia sobre usos e costumes brasileiros, entre os quais o livro Locuções Tradicionais do Brasil: coisas que o povo diz.

Esta frase é invocada quando pessoas iradas nada podem fazer em situações de desespero.

A frase nasceu de crendice popular de que as cobras, para não sucumbirem ao próprio veneno, depositam-no em folhas quando precisam tomar água. Ao voltarem dos riachos, algumas acabam esquecendo-se de onde o puseram, metendo-se como loucas à procura de peçonha temporariamente dispensada.

Câmara Cascudo era potiguar, mas foi o escritor maranhense Henrique Maximiano Coelho Neto (1864-1934), autor de mais de cem livros e um dos membros-fundadores da Academia Brasileira de Letras, quem deu ares literários à frase famosa, registrando-a na peça A muralha, numa fala da personagem Ana que, incapaz de resistir ao jogo do bicho, comporta-se como cobra que perdeu o veneno.

Resultado de imagem para IMAGENS DEONÍSIO DA SILVA
Deonísio da Silva é professor, 
escritor e etimologista
dc.clickrbs.com.br

 Leia também outros textos de Deonísio da Silva:



Nenhum comentário:

Postar um comentário