NANI |
NUNCA
ANTES NA HISTÓRIA
DESTE
E DE PAÍS NENHUM
Não
dá para perdoar as ignomínias que o PT e aliados
praticaram
contra o povo brasileiro
Por JOSÉ
NÊUMANE
Blog
do Augusto Nunes
Em 19/10/2016
às 15:33
Publicado
no Estadão
A
manchete do Estadão de domingo – Dezoito
ex-ministros de Lula e Dilma são alvo de investigação por desvios – é a
constatação factual do principal pecado do chamado “presidencialismo de
coalizão” e da distinção entre a corrupção corriqueira de antes e o saque
sistemático e completo de todos os cofres disponíveis da República.
O
pacto da “governabilidade”, eufemismo caridoso para justificar a ocupação dos
ministérios por grupos de políticos profissionais que controlam o Congresso
Nacional, não resulta de uma parceria de programas partidários para uma gestão
de qualidade, atendendo a interesses republicanos, mero pretexto retórico. Mas,
sim, da divisão de verbas orçamentárias para subvencionar interesses grupais e
paroquiais de chefões de legendas, interessados apenas na permanência no poder,
nos melhores casos, ou no enriquecimento pessoal, nos mais deletérios deles.
Na
embriaguez da popularidade inesperada, o primeiro presidente eleito pelo povo
depois da ditadura, Fernando Collor, confrontou esse paradigma e deu com os
burros n’água por não aceitar dividir com os dirigentes partidários o butim dos
cofres da “viúva”, chegando a perder a Presidência na metade do mandato. Seu
vice e sucessor, Itamar Franco, beneficiário de um acordão multipartidário,
saiu de seu mandato-tampão ileso e ilibado, já que impôs a um Gabinete dos que
apoiaram o impeachment do titular da chapa a execução de uma gestão austera dos
negócios de Estado. Se não o fizesse, não teria deixado para a posteridade a
maior revolução social da História, o Plano Real, baseado na responsabilidade
fiscal. Esta não resistiria à dilapidação patrimonial da poupança pública, lema
que elegeu o ministro da Fazenda que a planejou e realizou, Fernando Henrique
Cardoso, para dois mandatos, legitimados por vitórias no primeiro turno. Mas
ele perdeu a legitimidade ao forçar a barra da aliança parlamentar formada para
gerir a gestão compartilhada na luta, eivada de suspeitas de corrupção, para
obter a reeleição.
“Da
mesma forma, se não é aceitável a ladainha
usada pelo PT e seus aliados de que as
gorjetas dadas aos partidos configuram doações legais consignadas na lei
eleitoral,
idêntica
desculpa amarelada não serve para tucanos
de
mãos leves pilhados”
O
desgaste causado pelas dúvidas sobre o segundo mandato ajudou a alçar o Partido
dos Trabalhadores (PT) ao poder. Nele ex-dirigentes sindicais, “padres de
passeata”, “freiras de minissaia” (apud
Nelson Rodrigues) e ex-guerrilheiros, doutrinados por Marx a desafiar a
ganância capitalista, justificando a “apropriação” da “mais-valia”,
aproveitaram-se das vantagens do acesso aos cofres da República. A propina dos
corruptos de antanho foi, então, substituída pelo método do saque, mais
premeditado e planejado do que propriamente organizado, do patrimônio público.
Para realizar essa mudança contaram com uma oposição omissa, a prerrogativa de
foro e a camaradagem no Supremo Tribunal Federal.
Nenhum
tipo de corrupção deve ser perdoado. Se a denúncia do empreiteiro da Engevix
José Antunes Sobrinho à Advocacia-Geral da União (AGU) for comprovada, os
receptadores de comissões nas gestões estaduais paulistas dos tucanos José
Serra e Geraldo Alckmin receberão com justiça tratamento penal igual ao dado a
réus da Lava Jato. A notícia, publicada pela revista Época, revela o acerto da
distinção feita no parágrafo anterior e põe por terra o mantra, exaurido pela
esquerda pilhada em flagrante delito de furto, de que há delação premiada
seletiva contra seus larápios de estimação. Da mesma forma, se não é aceitável
a ladainha usada pelo PT e seus aliados de que as gorjetas dadas aos partidos
configuram doações legais consignadas na lei eleitoral, idêntica desculpa
amarelada não serve para tucanos de mãos leves pilhados.
Como
também as citações de dirigentes do PSDB (o morto Sérgio Guerra e o vivo Aécio
Neves) na Lava Jato não podem servir de pretexto para a fanfarra parlamentar,
militante ou acadêmica da esquerda “delinquentófila” usá-las como justificativa
para a ação deletéria de seus ícones do socialismo, cujos delitos causaram a
maior crise da História do País.
“O
PT, a defesa de Lula e parte da intelligentsia comparam Sergio Moro,
da Lava Jato, ao dominicano Savonarola e dizem
que, por ser moralista
e intolerante, ele “persegue” o três vezes réu”
Há
defensores de pobres e oprimidos que falam e agem como cúmplices dos gatunos. A
Associação dos Engenheiros da Petrobrás e os sindicatos do setor nada disseram
contra o desmanche da estatal pelo superfaturamento de contratos em troca de
“adjutórios” para petroleiros, políticos e legendas receptadoras de doações.
Nenhum
sindicato de bancários cobrou explicações sobre os financiamentos bilionários,
investigados na brasileira Lava Jato e na Operação Marquês, portuguesa, para a
obra da hidrelétrica de Cambambe, na Angola do ditador comunista José Eduardo
dos Santos, pai de Isabel dos Santos, a mulher mais rica da África. Aliás, a
juíza Maria Priscilla Ernandes Veiga, da 4.ª Vara Criminal paulista, processou
o ex-presidente da cooperativa dos bancários (Bancoop) João Vaccari Neto por
ter usado o patrimônio da entidade para financiar o PT e bancar apartamentos na
praia para petistas ilustres, entre eles Lula. E a Central Única dos
Trabalhadores (CUT) não deu um pio em contrário.
JOSÉ NÊUMANNE É JORNALISTA |
Dos
18 ex-ministros de Lula e Dilma citados neste jornal no domingo, dois foram da
Fazenda. Um, Guido Mantega, é acusado de ter achacado empresários no gabinete.
E Paulo Bernardo responde por ter cobrado propina de servidores do Ministério
do Planejamento, sob seu comando, que pediram empréstimos consignados. Algum
socialista reclamou?
Que
nada! O PT, a defesa de Lula e parte da intelligentsia comparam Sergio Moro, da
Lava Jato, ao dominicano Savonarola e dizem que, por ser moralista e
intolerante, ele “persegue” o três vezes réu. Só que este também responde por
corrupção, lavagem de dinheiro, tráfico de influência e organização criminosa,
e não por crime político, a outro juiz, Vallisney Oliveira, de Brasília.
Nunca
antes na História houve nada igual. É hora de aceitar a realidade, processar e
punir os responsáveis. E sanar as distorções que desempregaram ou subocuparam 16,4 milhões de brasileiros (16% da força de trabalho). Não dá mais
para perdoar ignomínias desse jaez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário