Foto: Jorge William / Agência O Globo |
PRISÃO
DE EDUARDO CUNHA ACELERA
OS
BATIMENTOS CARDÍACOS DA REPÚBLICA
POR
RICARDO NOBLAT
Blog
do Noblat
Em 19/10/16,
16:05
A
prisão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) produz dois efeitos no meio político – um
imediato e outro de médio prazo.
O
imediato: generaliza o pânico na República. O efeito de médio prazo: esvazia o
discurso do PT de que a Lava Jato foi concebida para destruí-lo, e somente a
ele.
Ao
avanço da Lava Jato, que não tem data para terminar, correspondia o aumento de
tensão dentro do Congresso e do governo, e também fora deles.
A
prisão de Cunha leva o clima de tensão ao paroxismo.
Ele
não é apenas mais um político de peso a cair nas garras do juiz Sérgio Moro.
Ele é “o político”, a levar-se em conta tudo o que sabe e tudo o que pode
delatar.
Nada,
por ora, se compara à captura de Cunha.
Delcídio
do Amaral, ex-senador, ex-líder do governo Dilma no Senado, conhece por dentro
do PT parte do que ali deu origem a escândalos. Sua delação serviu para que
Lula e Dilma fossem denunciados por obstrução de Justiça.
Mas
Delcídio, Lula e Dilma são o passado. O que acontecer com Lula e Dilma já não
mais abalará o país. No máximo, causará barulho. E a vida seguirá em frente.
Uma
eventual delação de Cunha poderá atingir gravemente o governo Temer. E isso,
sim, teria potencial para embaralhar o presente e comprometer o futuro.
Cunha
conhece os mais recônditos segredos do PMDB. E foi a peça decisiva do jogo que
levou Temer ao poder.
Para
chegar à presidência da Câmara, financiou a campanha de mais de 100 deputados do PMDB e de outros
partidos. Montou uma bancada que, no seu auge, chegou a reunir pouco mais de
200 deputados. Era “o cara”.
Improvável
que escolha amargar muitos anos de cadeia a negociar a revelação do que sabe.
Ou de parte do que sabe. Mas é frio o suficiente para não fazer nada disso às
pressas.
Quanto
ao discurso do PT de vítima exclusiva ou preferencial da Lava Jato...
O
discurso já não se sustentava, haja vista o envolvimento de tantos políticos de
outros partidos com a roubalheira que a Lava Jato apura. A prisão de Cunha
conspira para enfraquecê-lo de vez.
Moro
que se prepare: aumentará a cobrança pela prisão de Lula. Sem a participação
dele, segundo Rodrigo Janot, Procurador Geral da República, em denúncia
encaminhada ao Supremo Tribunal Federal, nada do que enoja o país há dois anos
teria sido possível.
Nenhum comentário:
Postar um comentário