LULA E JS: AMIGOS DO PEITO E DA ODEBRECHT |
“VOU ABANDONAR A POLÍTICA”
Segundo o jornalista, “nunca ninguém me mentira
de forma tão descarada, desavergonhada mesmo”
POR JOSÉ PAULO CAVALCANTI FILHO
BLOG DO NOBLAT
EM 28/10/2016 - 01h15
Por que uma decisão tão extrema? “Pela ingratidão do povo para com
os políticos”. Apesar disso, vocês querem sempre estar por cima. “Todos os
políticos saem mal do poder”. Mas a luta continua, dizem todos. “Afinal,
lutamos por quê? Para conquistar o poder? E depois o fim é sempre o mesmo,
saímos do poder vilipendiados”. Como se sente hoje, tendo mandado no país?
“Estou numa fase contemplativa”. Isso quer dizer o quê? “Vou abandonar a
política”. Mas não é o que parece. De suas andanças nas ruas. Dos seus discursos.
E o entrevistado, rindo: “É assim a política... Diz-se o que convém no
momento”.
O jornalista que fez essa entrevista conclui: “Na época, eu conhecia
mal o entrevistado. Se conhecesse melhor, saberia que nele não há qualquer
distinção entre a verdade e a mentira. Diz, em cada momento, aquilo que lhe
convém dizer”. E, encerrando: “Nunca ninguém me mentira de forma tão descarada,
desavergonhada mesmo”.
Esse entrevistador, imagino que alguns leitores já perceberam, é
José António Saraiva. As frases aspeadas estão no seu mais recente livro, Eu e os Políticos (págs. 162 a 170). E
o entrevistado, antes que se vá mais longe em conclusões precipitadas, é o
ex-primeiro-ministro de Portugal José Sócrates.
Trata-se de um amigo próximo do ex-presidente Lula. Tanto que o
brasileiro fez prefácio para seu A
Confiança no Mundo. E declarou “estar honrado em fazer esse prefácio”. Os
dois têm mais, em comum, ser íntimos da construtora Odebrecht. A mesma que,
inclusive, custeou a viagem de Lula a Lisboa. Em outubro de 2013. Para o
lançamento do livro. Essa e outras 5, para outros fins. Segundo a revista Visão (a Veja lusitana), um livro que teria sido em verdade escrito pelo
jornalista Domingos Farinho. Ao preço de 100 mil euros. Mas essa é outra
história.
JOSÉ PAULO CAVALCANTI FILHO/BLOG DO NOBLAT |
As suspeitas que pesam sobre Sócrates são graves. Na compra da TVI
pela Portugal Telecom, por exemplo, especula-se que teria usado “verbas de
empresas públicas em benefício do PS”. O seu partido. Para “controlar os meios
de comunicação social” (Correio da Manhã). Lá, como cá, são os mesmos vícios.
Já na operação Marquês, Sócrates e Lula estão novamente juntos. Mais
os dois sócios da JD Assessoria e Consultoria – os irmãos Luiz Eduardo e José
Dirceu. Tendo, por trás, a mesma Odebrecht. E sempre usando terceiros, laranjas,
para esconder patrimônio. Inclusive um famoso apartamento de luxo. Não em
Guarujá, mas em Paris. Comprado por amigo que nunca o usou. E oferecido,
graciosamente, para uso de Sócrates. O
mesmo que também lhe emprestou milhões de euros. Sempre em dinheiro vivo. Que
Sócrates “não confiava no sistema bancário”. E viva “A maravilhosa beleza das
corrupções políticas”, se divertia Fernando Pessoa (em Opiário).
Curioso, nessa operação, é que nela tudo lembra a Lava Jato. Até
pelo perfil duro do Juiz Carlos Alexandre. Similar a Sérgio Moro. Tanto que
Sócrates foi preso, em novembro de 2014. Passou 11 meses em uma penitenciária.
E dali saiu com tornozeleira eletrônica. Saraiva completa: “Quando se tornou
patente o número de negócios duvidosos em que estava envolvido, vaticinei que
ele seria preso depois de deixar o cargo. Acertei em cheio”.
P.S. Maquiavel (em O Príncipe) dizia que a história se repete. Enquanto
Marx (em O 18 de Brumário) sugeria
que somente como farsa. Estou desconfiado que mais razão tem o italiano...
José Paulo
Cavalcanti Filho é advogado
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