JUÍZO FINAL (IMAGEM: ARQUIVO GOOGLE) |
HAVERÁ ALGUMA SAÍDA AO JUÍZO FINAL?
A herança deixada por ela é demasiadamente pesada
para ser administrada por um presidente legítimo,
mas carente de apoio popular e refém do Congresso.
POR RICARDO NOBLAT
NOBLAT.OGLOBO.GLOBO.COM
16/12/2016 | 07h10
Sejamos sinceros e práticos: deve ser verdade, sim, tudo ou quase
tudo o que foi contado até aqui em delações à Lava-Jato sobre a participação de
Michel Temer em esquemas de arrecadação de recursos para o PMDB, partido que
presidiu nos últimos 13 anos
É sabido pela humanidade minimamente informada que nenhum partido
enfrenta eleições apenas com dinheiro do Fundo Partidário. Recebe-se dinheiro
doado ou tomado de empresas e declarado à Justiça Eleitoral. E dinheiro não
declarado, de Caixa dois.
Viola-se a lei quando se aceita dinheiro de caixa dois. Pois todos
os partidos, absolutamente todos; todos os políticos, sempre ou em algum
momento de suas vidas, receberam dinheiro de caixa dois. E omitiram da Justiça
as despesas pagas com esse dinheiro.
A serem denunciados e punidos como deveriam, não sobrará nenhum.
Seria um dos maiores julgamentos coletivos da História – 513 deputados
federais, 81 senadores, fora ministros, ex-ministros, governadores e
ex-governadores que a Lava-Jato pudesse alcançar.
Estamos dispostos a enfrentar tamanho desafio? Se estamos, adiante.
E seja o que Deus quiser. Haveria outra saída? No quadro atual de dirigentes do
país, não sei quem reuniria liderança e credibilidade para propor outra saída.
Propor e ser escutado.
Os governos do PT apostaram no “nós contra eles”. O impeachment de
Dilma aumentou a polarização. A herança deixada por ela é demasiadamente pesada
para ser administrada por um presidente legítimo, mas carente de apoio popular
e refém do Congresso.
Está nas mãos de Sérgio Moro e dos procuradores da Lava-Jato
estabelecer ou não alguma alternativa ao juízo final.
Nenhum comentário:
Postar um comentário