GUY ROSE |
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Assim, não é possível. Está ficando difícil, mãe. Difícil, não: impossível. A
senhora tem que se ajudar um pouco, saco! Tem que se alimentar direito, beber água,
tomar os remédios, fazer os exercícios que o médico mandou. Puta que pariu!
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Calma, filha, calma. Se eu levanto do sofá, vocês brigam comigo, me xingam de tudo
que é nome...
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Claro, queria o quê? É levantar pra cair. Já lhe disse: quer ir ao banheiro? Chame
alguém.
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Se eu chamo, vocês reclamam, ficam bufando.
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Não dá pra ficar o dia todo à sua disposição. A gente tem mais o que fazer, mãe.
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Por isso, bebo pouca água, para não incomodar toda hora.
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Tem é que usar fralda dia e noite.
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Fico assada.
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Assada, não: mimada.
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Filha, minha doença não tem jeito. Tenha paciência.
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Eu sei. A senhora não vai melhorar mesmo. Mas quer piorar ainda mais? Já não
basta o trabalho que está dando? Francamente. Há dez anos, desde que a senhora
veio pra cá, ninguém tem vida nessa casa. (OS – dezembro/2016)
CHARLES SPENCELAYH
FIM DA LINHA
E
nada mais foi dito, após a sentença ser decretada pela família.
Os
filhos se entreolharam comovidos, sob o olhar aflito, mas firme, da mãe.
O
velho também não disse palavra. Olhava o nada, sem lágrimas. Sabia que aquilo –
sua interdição – não era maldade.
Era inevitável. (OS)
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Triste demais! Terminar a vida assim...ninguém que foi razoável nessa vida, merece! O pior, é que existe verdades como essas acontecendo todo dia! Triste envelhecer!
ResponderExcluirVerdade, Marlene. Infelizmente.
ResponderExcluirUau. Tenso mas real...
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