COLLOR: O VIGARISTA ETERNO (FOTO: ARQUIVO GOOGLE) |
O
QUE TEMER TEM A APRENDER COM COLLOR
POR
RICARDO NOBLAT
BLOG
DO NOBLAT
11/12/2016
| 04h48
O
“caçador de marajás”, eleito presidente da República em 1989, assumiu o cargo
com dois grandes problemas para resolver. O primeiro, de conhecimento geral: a
inflação, que no governo do seu antecessor, José Sarney, chegara à casa de 80%
ao mês.
(Sim,
vocês leram certo: 80% ao mês. A inflação anual deste ano, por exemplo, ficará
abaixo de 10%.)
O
segundo problema de Fernando Collor, este de conhecimento só dele e de sua
gangue: a corrupção que sustentara a sua ascensão e que poderia contaminar o
governo. O “caçador de marajás” não passara de um truque de marketing. Collor
era um marajá.
“Tenho
uma só bala para disparar contra a inflação, e ela será mortal”, avisou o
presidente antes mesmo de assumir o cargo. A bala: um pacote de medidas
econômicas que incluía até a retenção nas cadernetas de poupança do dinheiro
que ali estava depositado.
O
tiro saiu pela culatra. A inflação resistiu. A popularidade de Collor despencou.
E para sua desgraça, mas com a sua cumplicidade, a corrupção começou a corroer
o governo. Até que foi denunciada por um dos seus irmãos, Pedro. E ameaçou pôr
tudo a baixo.
O
presidente arrogante, imperial, que desconhecia o Congresso e esnobava os
líderes e as entidades da chamada sociedade civil, viu-se à beira do precipício
com a abertura de uma CPI para investigá-lo. Sua última cartada foi montar às
pressas um ministério de notáveis.
Por
que não deu certo? Porque a entrada no governo de nomes respeitáveis se deu
tarde demais. E porque a CPI já chegara aos calcanhares de Collor. Bastou
surgir um motorista com provas de que dinheiro sujo pagava contas de Collor
para que ele caísse.
Para
Temer, a depender do que ainda esteja por vir contra ele, talvez ainda haja
tempo para que copie Collor, livrando-se de auxiliares atingidos por suspeitas
de corrupção, e aproveitando o momento para se livrar de outros estigmatizados
pela incompetência.
O
Congresso não será embaraço para isso. Falta-lhe moral. E os que hoje apoiam o
governo, e até parte da oposição também alcançada por denúncias, querem mais é
que Temer sobreviva para que possam sobreviver com ele.
Se
nada fizer, só restará a Temer torcer e rezar.
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