domingo, 11 de dezembro de 2016

POLÍTICA/OPINIÃO: RICARDO NOBLAT

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COLLOR: O VIGARISTA ETERNO (FOTO: ARQUIVO GOOGLE)




O QUE TEMER TEM A APRENDER COM COLLOR

POR RICARDO NOBLAT
BLOG DO NOBLAT
11/12/2016 | 04h48

O “caçador de marajás”, eleito presidente da República em 1989, assumiu o cargo com dois grandes problemas para resolver. O primeiro, de conhecimento geral: a inflação, que no governo do seu antecessor, José Sarney, chegara à casa de 80% ao mês.

(Sim, vocês leram certo: 80% ao mês. A inflação anual deste ano, por exemplo, ficará abaixo de 10%.)

O segundo problema de Fernando Collor, este de conhecimento só dele e de sua gangue: a corrupção que sustentara a sua ascensão e que poderia contaminar o governo. O “caçador de marajás” não passara de um truque de marketing. Collor era um marajá.

“Tenho uma só bala para disparar contra a inflação, e ela será mortal”, avisou o presidente antes mesmo de assumir o cargo. A bala: um pacote de medidas econômicas que incluía até a retenção nas cadernetas de poupança do dinheiro que ali estava depositado.

O tiro saiu pela culatra. A inflação resistiu. A popularidade de Collor despencou. E para sua desgraça, mas com a sua cumplicidade, a corrupção começou a corroer o governo. Até que foi denunciada por um dos seus irmãos, Pedro. E ameaçou pôr tudo a baixo.

O presidente arrogante, imperial, que desconhecia o Congresso e esnobava os líderes e as entidades da chamada sociedade civil, viu-se à beira do precipício com a abertura de uma CPI para investigá-lo. Sua última cartada foi montar às pressas um ministério de notáveis.

Por que não deu certo? Porque a entrada no governo de nomes respeitáveis se deu tarde demais. E porque a CPI já chegara aos calcanhares de Collor. Bastou surgir um motorista com provas de que dinheiro sujo pagava contas de Collor para que ele caísse.

Para Temer, a depender do que ainda esteja por vir contra ele, talvez ainda haja tempo para que copie Collor, livrando-se de auxiliares atingidos por suspeitas de corrupção, e aproveitando o momento para se livrar de outros estigmatizados pela incompetência.

O Congresso não será embaraço para isso. Falta-lhe moral. E os que hoje apoiam o governo, e até parte da oposição também alcançada por denúncias, querem mais é que Temer sobreviva para que possam sobreviver com ele.

Se nada fizer, só restará a Temer torcer e rezar.


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