ABISMO SEM FUNDO (IMAGEM: ARQUIVO GOOGLE) |
ODEBRECHT
EXPÕE AO PAÍS
O SUBSOLO DO ABISMO
O SUBSOLO DO ABISMO
Quem
olha ao redor percebe por que o Brasil é o mais antigo
país
do futuro em todo o mundo.
POR
JOSIAS DE SOUZA
UOL –
10/12/2016 | 03:46
A
Lava Jato eliminou a ideia de que o Brasil estava condenado a viver à beira do
abismo. A operação fez desaparecer a noção de borda. O país escorregou para
dentro do precipício. A delação da Odebrecht, que chega ao noticiário em
conta-gotas, leva o brasileiro para um outro patamar, bem mais profundo. Com
suas revelações devastadoras, os corruptores da maior construtora brasileira
expõem à nação o subsolo do abismo. É onde se aloja o insondável. O Brasil está
sendo apresentado, finalmente, ao magma que o pariu. No subterrâneo do abismo,
o sonho de “estancar a sangria” tornou-se um pesadelo hemorrágico.
Visto
de baixo, o governo de Michel Temer ganhou a aparência de um empreendimento
precário. Todos sangram. O próprio presidente aparece nas delações requisitando
uma odebrechtiana de R$ 10 milhões.
Seus amigos e correligionários do PMDB plantam bananeira na areia movediça:
Padilha, Moreira, Geddel, Jucá, Renan… Candidatos do Planalto às presidências
do Senado e da Câmara, Eunício e Maia são pavios acesos. Aliados como Aécio,
Serra e até Alckmin, “o santo”, brincam na lama depois de se banhar nas águas
do impeachment.
Tornou-se
impossível prever como o governo Temer chegará a 2018. Difícil dizer até mesmo
se chegará tão longe. O futuro chega tão rápido que já está atrás de nós. Em 3
de maio de 2015, Emílio Odebrecht, o patriarca da construtora, anotou o
seguinte num artigo:
''A
corrupção é problema grave e deve ser tratado com respeito à lei e aos
princípios do Estado democrático de Direito, mas é fundamental que a energia da
nação, particularmente das lideranças, das autoridades e dos meios de
comunicação, seja canalizada para o debate do que precisamos fazer para mudar o
país. Quem aqui vive quer olhar com otimismo para o futuro — que não podemos
esquecer—, sem ficar digerindo o passado e o presente.''
Nessa
época, Emílio cobrava, estalando de pureza moral, “uma agenda clara de
crescimento com desenvolvimento para o Brasil.” E seu filho, Marcelo Odebrecht,
preso em Curitiba, dizia que não seria delator porque não tinha o que delatar.
Desnudados pelos investigadores, pai, filho e os santos espíritos da Odebrecht
despejam sobre o presente revelações de um passado que leva o país a
desacreditar do futuro.
Conselho
útil: aperte os cintos. Com a delação da Odebrecht, o Brasil está aterrissando
no subsolo do abismo. O PT celebra a chegada de companhia. Quem olha ao redor
percebe por que o Brasil é o mais antigo país do futuro em todo o mundo.
Como diria Bezerra da Silva: Se gritar pega ladrão,
ResponderExcluirNão fica um meu irmão.
O processo democrático serviu para criarmos um bando de abutres com apetite capaz de dilapidar uma nação inteira.
Resta-nos admitir que a abertura foi prematura.