sábado, 17 de dezembro de 2016

QUASE HISTÓRIAS: MEU AMIGO É...


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IMAGEM: ARQUIVO GOOGLE




Papai Noel – qualquer criança de hoje sabe disso – não existe, mas o “amigo oculto” existe, sim. Está presente nas firmas, nas famílias, nos bares e becos. É uma lástima. Muda o cenário, mas a desgraça é a mesma. De lá ou de cá, o “amigo oculto” não arreda pé. Ser um deles não é coisa pra qualquer um. Sem uma dose generosa de tolice, ninguém chega lá.

A desgraça começa no sorteio, mas nele não termina. A maioria odeia o “amigo” sorteado. “Ferrou”, diz o filho do meio, em casa, antes de pedir para que a mãe (ou o pai, ou um dos irmãos) assuma o mico: “Porra, tirar o Paulinho não dá, é pênalti!”.

Trocas feitas, quase tudo acertado, chega-se à segunda etapa: “O que comprar para aquele obeso mórbido do tio Adolfo, com míseros trinta reais”?  Nada que preste, evidentemente. “Não esquenta, não, filho. Meu cunhado não merece sua preocupação”, argumenta a mãe. O pai – irmão mais velho do tio – não deixa por menos: “Filho, seu tio é uma besta. É capaz de lhe dar uma cueca usada. Não esquenta”.

Eis que chega o grande dia, hora de trocar presentes, de mostrar o imenso amor que une a família. A personagem de Botero toma a palavra, em tom de suspense:

-- Meu amigo oculto é... Gorduchinho. Bonitinho. Amor de criatura.

As dicas são inservíveis. Ali, todo mundo é gordo. Beleza é coisa relativa. Amor de criatura não quer dizer nada. Mas o gordo mórbido acertou na mosca:

-- Sou eu.

E lá foi ele cumprir seu duro dever:

-- Meu amigo oculto é...(OS)

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