IMAGEM: ARQUIVO GOOGLE |
Já
fui muito festeiro, não sou mais. Se houvesse uma enquete para definir o mês
mais chato do ano, cravaria sem pestanejar: dezembro. É um porre de bebida
ordinária. Pior que cuecas e sapatos apertados.
Não chega a aleijar, mas incomoda.
Os
preços disparam e raramente se encontra nas lojas o que se procura. O trânsito
consegue ficar infinitamente pior do que já é. O telefone não para: de asilos a
creches, todos querem uma doação extra. Os funcionários do prédio esperam uma
“caixinha gorda”, os balconistas da padaria também. O ajudante do açougueiro, o
carteiro e os medidores de água, luz e gás não fogem à regra. Esta gente não
recebe o 13º salário?
Pior
que isso, só o tal de “amigo oculto”. Perde-se muito tempo e dinheiro com essa
bobagem. Em geral, você dá ao “amigo” o que ele abomina, e recebe algo que para
nada lhe serve. É a lei da vida: aqui se faz, aqui se paga. Isso quando não
ocorre de você dar um panetone para a tia e receber da tia um panetone, da
mesma marca e tamanho. É patético.
Não
sei o que é pior: as festas de Natal ou as comemorações do dia 31. Todo mundo
de olho no relógio. Afinal, meia-noite é a hora de abraçar com entusiasmo
aquele parente que você paga para não ver ao longo do ano. Aquela felicidade
forçada é de arrebentar corações pouco valentes, como o meu.
Ah,
temos os foguetórios, anunciando a chegada do novo ano. Todo mundo de boca
aberta, olhando para o céu e dizendo em uníssono: “Que lindo!” Francamente. Que
dizer, então, das simpatias? Calcinhas brancas para ter paz; amarelas para ter
dinheiro. E por aí vai. Suponho que as devassas, por coerentes e pragmáticas,
não usem calcinha alguma.
Ainda
bem que não há mal que sempre dure. Janeiro logo chega. É tempo de pôr em
marcha tudo aquilo que, há duas décadas, em marcha prometemos pôr. Em vão.
Tempo de recomeçar a contar os dias que faltam para dezembro próximo. Boas
festas.
(Orlando Silveira – atualizado em dezembro 2013)
(Orlando Silveira – atualizado em dezembro 2013)
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