sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

COLUNA DO CLÓVIS




FOTOGRAFIA: ARQUIVO GOOGLE





EM BUSCA DE NÓS MESMOS

(Por Clóvis Campêlo) O que buscam as pessoas ao se juntarem em grupos?

Talvez um lenitivo para a solidão. Talvez. Afinal, a solidão é fera, a solidão devora. E se ela faz nossos relógios caminharem lentos, causa descompassos em nossos corações. Aplacar a solidão, portanto, pode ser um dos requisitos que buscamos nos relacionamentos. Houve uma época em que a única coisa que nos interessava era a disposição para a alegria. A natureza nos era generosa. Havia espaço, água, areia, luz, tudo em abundância e nós tínhamos uma energia enorme para gastar. Os amigos eram parceiros lúdicos, ainda não havia revoluções a serem engendradas. Também não havia discriminações sociais. Ganhava respeito quem se destacasse nas habilidades intrínsecas. Lembro de verdadeiros comandantes que depois descambaram para a marginalidade, a exclusão. Não tiveram a sua maestria e exuberância reconhecidas pela sociedade. Os critérios eram outros.

Houve um outro tempo em que a constituição cósmica já não nos interessava da maneira como se apresentava. Tínhamos planos maiores e melhores para o mundo e nos juntávamos em grupos para subverter esse estado de coisas. Éramos conspiradores contra tudo e contra todos. Éramos santos guerreiros e o dragão da maldade não estava em nós, estava no mundo. O inferno eram os outros. Movidos por essas utopias, muitos foram impiedosamente massacrados, exterminados. Sangramos desnecessariamente sem entender que o mundo tem a sua própria lógica e que se autotransforma, torna-se mutante quando a si mesmo interessa isso.

Um belo dia, abandonamos todos os bandos, revolucionários ou não, e começamos a criar filhos, plantar árvores e escrever livros. Começamos, sem perceber, a percorrer um longo caminho para o futuro em busca da fartura e da simplicidade do passado, onde tão pouco nos bastava e satisfazia.

E nesse caminho de volta, de retorno à terra, ao equilíbrio edênico, reaprendemos a arte de conhecer e conviver com novas pessoas, outros bandos de retirantes em busca de si mesmo, da sua paz interior, do seu eu cósmico.


DEZEMBRO/2011

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Jacó do Pandeiro, com sua falação manhosa, nutria a imaginação dos homens
 que não foram ao último ensaio da escola. Alguns deles chegaram a babar: 
 "Pessoal: Deolinda está demais. Ontem, ela provou a fantasia. Show de bola. 
Vai desfilar quase nua, de fio dental, peitos de fora, com purpurina nos bicos, 
penacho e nada mais, além das sandálias de saltos altíssimos."

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