terça-feira, 13 de dezembro de 2016

POLÍTICA/OPINIÃO: AUGUSTO NUNES




Sergio Cabral (4)-kgvF-U2012915390378AH-1024x682@GP-Web
CABRAL, O FANFARRÃO (FOTO: GOOGLE)




A DISTÂNCIA ENTRE O SÉRGIO CABRAL
DO CARNAVAL DE 2010 E O PRISIONEIRO
DE CURITIBA DEVE SER MEDIDA EM ANOS-LUZ

O alegre assassino da língua inglesa na Sapucaí
hoje é apenas mais um reizinho algemado

POR AUGUSTO NUNES
EM 12/12/2016 | 07:04

Decidido a escapulir da cadeia antes da chegada do verão, o ex-governador Sérgio Cabral resolveu tapear o juiz federal Marcelo Bretas. Para justificar mais um pedido de liberdade, seu advogado alegou que, se continuasse engaiolado em Bangu, o cliente estaria em perigo: alojados em alas próximas, traficantes de drogas planejavam vingar-se do famoso colega de ofício que ousara instalar nos morros que dominavam unidades da chamada polícia pacificadora.

Em vez do direito de ir e vir, Cabral conseguiu do juiz Bretas uma passagem só de ida para Curitiba, onde começou a dormir sem sustos no último sábado. Fez um mau negócio. Em Bangu desde 17 de novembro, o chefão do assalto ao Rio desfrutava da companhia de velhos comparsas e podia consolar-se com a proximidade da mulher, Adriana Ancelmo, instalada há dias no setor feminino do mesmo complexo penitenciário. Na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, virou vizinho de cela do concorrente Eduardo Cunha e ficou mais perto do juiz Sérgio Moro.

Geograficamente, o carioca Sérgio Cabral nem está tão longe assim da cidade natal: por via aérea, os 676 quilômetros em linha reta que separam as duas capitais podem ser vencidos em 51 minutos. O que agora deve ser medido em anos-luz é a distância escavada pelas descobertas da Operação Calicute (uma ramificação da Lava Jato) entre o prisioneiro deste dezembro e o folião à solta que protagoniza a gravação feita há quase sete anos.

No Carnaval de 2010, Sérgio Cabral era mais que um governador a caminho da reeleição sem sobressaltos: o que se vê e ouve no vídeo é um reizinho do Rio. Amigão de Lula, cabo eleitoral predileto da candidata Dilma Rousseff, saboreava a sabujice de diferentes partidos interessados em cooptar aquilo que parecia um nome perfeito para a vice-presidência em 2014. Poucos brasileiros imaginavam que o tesouro estadual estava na mira do governador e de um segundo Cavendish ainda mais guloso que o corsário inglês de outros séculos.

Não faltavam motivos, portanto, para Cabral exibir a euforia de passista de escola campeã no vídeo que o mostra em ação no camarote da Sapucaí. Ao apresentar a cantora Madonna a candidata Dilma Rousseff, o anfitrião assassina a língua inglesa (com requintes de selvageria) para informar que aquela mulher ao seu lado será a primeira a presidir o Brasil. Quem não viu precisa aproveitar imediatamente a chance de conhecer essa relíquia audiovisual. Quem já viu vai adorar a reprise.

Sérgio Cabral anda choramingando que a falta do que fazer torna infinito o dia na gaiola. Que tal usar o tempo que agora tem de sobra para aprender inglês?


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário