FOTO: ARQUIVO GOOGLE |
MICHEL TEMER
NÃO PASSOU
DA
FASE DO MAL MENOR
O
convívio do presidente com personagens que lutam
pela
própria sobrevivência política, não pela salvação nacional,
o
torna uma autoridade inapta para exigir da plateia
os
sacrifícios previdenciários e trabalhistas
Por Josias
de Souza
UOL –
31/03/2017 | 15:47
Quando
Dilma Rousseff estava em franco processo de autocombustão, Michel Temer
vaticinou: ''Ninguém vai resistir três anos e meio com esse índice baixo” de 7%
ou 8% de popularidade. Era setembro de 2015. No mês anterior, o Datafolha informara que a taxa de
aprovação da presidente petista recuara para 8%. Um ano depois, Temer estava
sentado na cadeira de Dilma. Hoje, informa o Ibope, apenas 10% dos brasileiros
aprovam a gestão Temer. E seu mandato está pendurado num veredicto do Tribunal
Superior Eleitoral.
Para
41% dos entrevistados do Ibope, o governo atual é pior do que o deposto. Mas a
taxa de reprovação da administração Temer (55%) ainda é menor do que a de
Dilma, cujo índice de aversão rodou na casa dos 70%. A cólera das ruas evoluiu
para um surto de passividade. Deve-se a apatia à sensação de que, sob Temer,
Brasília parou de cavar o buraco em que Dilma metera o PIB nacional. Isso é
suficiente para reter na garganta da maioria o ‘Fora, Temer’. Mas o substituto
de Dilma não conseguiu ultrapassar a fase do mal menor.
Temer
persegue um equilíbrio difícil: promete o novo na economia ao lado do lixo da
Lava Jato. A alta do desemprego, agora na casa dos 13,2%, mostra que os resultados econômicos tardam. E o convívio do
presidente com personagens que lutam pela própria sobrevivência política, não
pela salvação nacional, o torna uma autoridade inapta para exigir da plateia os
sacrifícios previdenciários e trabalhistas embutidos nas reformas que tramitam
no Congresso.
Para
complicar, a figura de Temer, quando tomada individualmente, inspira mais
desconfiança do que o conjunto do seu governo — 79% das pessoas ouvidas
disseram não confiar em Temer. A sorte do substituto constitucional do desastre
é que não há um vice no seu encalço para indagar: “Vai resistir um ano e nove
meses com esse índice de popularidade tão baixo?” Sem alternativas, o país
parece condenado a assistir à absolvição de Temer no TSE e a tolerar o mal
menor na Presidência até a sucessão de 2018.
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