TEMER: COM A CORDA NO PESCOÇO |
A
LEI OU AS CONVENIÊNCIAS?
EIS O
DILEMA DO TSE
Por Josias
de Souza
UOL –
29/03/2017|20:28
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Ao
recomendar a cassação do mandato de Michel Temer em parecer enviado ao TSE, a
Procuradoria-Geral Eleitoral tornou mais constrangedora a articulação que se
desenvolve nos porões de Brasília para afastar a corda do pescoço do presidente
da República. O relator do processo sobre a cassação da chapa Dilma-Temer,
ministro Herman Benjamin, também deve votar a favor da interrupção da
presidência de Temer. E os ministros do TSE ficarão diante do seguinte dilema:
observar a letra fria da lei ou se render à tese segundo a qual o afastamento
de Temer a essa altura geraria uma crise que não convém ao país?
Eu
conversei com um dos ministros que participarão do julgamento. Sem antecipar o
voto, ele me disse que é impossível deixar de levar em conta a conjuntura num
julgamento como esse. O ministro se refere ao fato de que, sob Temer, a
economia do país parou de piorar. E o seu afastamento levaria a uma eleição
indireta que abriria uma janela para o imponderável. Esse tipo de tese ganhou
naturalidade depois que o surto de cólera das ruas foi substituído por uma
epidemia de passividade.
De
fato, não é fácil afastar mais um presidente em tão pouco tempo. Fica ainda
mais difícil quando se considera que o substituto será escolhido numa eleição
indireta por um Congresso em que se misturam congressistas sujos e mal lavados.
Mas surge uma pergunta simples: o que fazer com as provas de que a chapa eleita
em 2014 foi financiada com dinheiro roubado? É esse tipo de jeitinho que
transforma o Brasil num país sem jeito. Ao esticar a lei para acomodar dentro
dela a conveniência política, o Brasil vai se consolidando como o mais antigo
país do futuro do mundo.
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