SPONHOLZ |
SUSPEITOS
ABUSAM
DE
AUTORIDADE QUE NÃO TÊM
Por
Josias de Souza
UOL-
28/03/2017
Acomodados
pela Lava Jato no fundo do poço, os congressistas decidiram cavar um pouco mais
o buraco em que se encontram. Pela segunda vez, o Congresso atribuiu prioridade
máxima à aprovação de um projeto sobre abuso de autoridades. A proposta visa
imprensar juízes e procuradores e delegados.
O
projeto é de autoria de Renan Calheiros, investigado em nove inquéritos da Lava
Jato. No momento, tramita numa comissão presidida por Edison Lobão, freguês da
Lava Jato. Integram essa comissão dez senadores encrencados na Lava Jato. O
Brasil já dispõe de uma lei para coibir abusos de autoridades. Essa lei talvez
precise ser reformada. Mas os reformadores atuais são inconfiáveis.
Produziram-se
em Brasília, nesta terça-feira, cenas inusitadas. O procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, foi ao Congresso para negociar melhorias na redação
do projeto apresentado pelo réu Renan Calheiros. Janot reuniu-se com o
presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o ‘Botafogo’ das planilhas da Odebrechet.
Esteve também com o presidente do Senado, Eunício Oliveira, chamado de ‘Índio’
nas planilhas do departamento de propinas da Odebrecht.
A
presença de Rodrigo Janot, chefe do Ministério Público, em reuniões desse tipo
mostra que os congressistas delatados, investigados, denunciados e réus
atingiram o ponto máximo da eficiência: eles mesmos aprovam as leis, eles
mesmos violam as leis e eles mesmos criam novas leis para inibir a ação
daqueles que tentam fazer valer a máxima segundo a qual as leis valem para
todos, sobretudo para aqueles que não têm a menor autoridade para reclamar de
abuso de autoridade.
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