Seiscentos e Sessenta e Seis
A
vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando
se vê, já são 6 horas: há tempo…
Quando
se vê, já é 6ª-feira…
Quando
se vê, passaram 60 anos…
Agora,
é tarde demais para ser reprovado…
E
se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
eu
nem olhava o relógio
seguia
sempre, sempre em frente…
E
iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.
Ah! Os Relógios
Amigos,
não consultem os relógios
quando
um dia eu me for de vossas vidas
em
seus fúteis problemas tão perdidas
que
até parecem mais uns necrológios…
Porque
o tempo é uma invenção da morte:
não
o conhece a vida – a verdadeira -
em
que basta um momento de poesia
para
nos dar a eternidade inteira.
Inteira,
sim, porque essa vida eterna
somente
por si mesma é dividida:
não
cabe, a cada qual, uma porção.
E
os anjos entreolham-se espantados
quando
alguém – ao voltar a si da vida -
acaso
lhes indaga que horas são…
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