QUEM SUBIRÁ A RAMPA EM 2019?
TUDO
VAI SER DIFERENTE
Elenco para 2018 escreve roteiro inconsistente
Por Dora Kramer
Publicado na edição impressa de VEJA
A candidatura do ex-presidente Lula ao Planalto a um terceiro
mandato é algo tão consistente quanto um suflê de vento. Não só a dele. Da
mesma inconsistência padecem os demais pretendentes que já começam a se
escalar, ou a ser escalados, como integrantes do elenco de 2018: o governador
de São Paulo, Geraldo Alckmin, o prefeito da capital, João Doria, o presidente
do partido de ambos, Aécio Neves, Marina Silva, Ciro Gomes, o deputado Jair
Bolsonaro, o senador Ronaldo Caiado.
Na categoria das miragens enquadra-se a candidatura própria à
Presidência pelo PMDB, promessa feita e nunca cumprida desde os desempenhos
memoráveis em 1989 e 1994, quando obteve respectivamente 4,73% e 4,38% dos votos.
Hoje, provavelmente não teria muito mais que isso, caso levasse adiante o plano
de trocar o papel de passageiro pela condição de condutor.
Não vai acontecer, entre outros motivos porque ao partido interessa
conduzir (a Presidência) a partir do banco do carona. Daí, também, a
importância de preservar a força (bruta) no Congresso, conforme sobejamente
demonstrado no impeachment de Dilma Rousseff. O controle, ou não, do
Legislativo determina o rumo do Executivo. É mais barato e lucrativo, portanto,
investir em eleições locais de onde saem deputados e senadores. Ademais, não há
nomes disponíveis no PMDB. Os mais destacados estão presos ou enfurnados até o
pescoço em processos, denúncias e pronúncias. A saída já encaminhada pelo
senador Aécio Neves seria uma aliança com o PSDB. Detentor do controle absoluto
da direção do partido, ele não facilitará a vida dos adversários internos e
reforça seu cacife.
Instalou o deputado Antonio Imbassahy no gabinete palaciano antes
ocupado por Geddel Vieira Lima, distribuiu aliados em postos-chave no Senado,
tornou-se credor do presidente da Câmara ao emprestar apoio dos tucanos à
reeleição de Rodrigo Maia, juntou-se a José Serra contra Alckmin e convenceu
Michel Temer de que solução melhor que essa não há. Engenharia perfeita, não
fosse o risco de a obra desabar por reação do eleitorado à presença de tucanos
nas investigações da Lava Jato e/ou ao comprometimento do partido com um
governo cuja popularidade só faz cair. Nesse quesito, o PT investe numa miragem
com base nas pesquisas que indicam Lula à frente de seus oponentes “se a
eleição fosse hoje”. Ocorre que nem a eleição é “hoje” nem o ex-presidente está
em situação confortável: é o campeão de rejeição, o único a figurar como réu em
processos criminais com potencial para lhe subtrair a elegibilidade e mesmo a
liberdade. É o comandante de um partido zonzo com sucessivas derrotas
políticas, jurídicas e eleitorais, um político que só circula em público entre
convertidos.
As citadas excelências escrevem roteiros cuja validade depende de
fatos imprevisíveis. Simulam controle sobre uma realidade em total descontrole
e, assim, iludem o eleitor. A disputa de 2018 ninguém sabe como será. Mas
certamente será muito diferente de tudo o que já se viu.
VEJA TAMBÉM AS CHARGES DO DIA
Mente sã, corpo são. Qual o quê! Por aqui, infelizmente, o babado é outro: mente podre, carne podre. (OS)
http://orlandosilveira1956.blogspot.com.br/2017/03/as-charges-do-dia_18.html#comment-form
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