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OLHARES (II): Naquele olhar acuado,
havia um canto de guerra.
Por Orlando Silveira, em "Rapidíssimas"
http://orlandosilveira1956.blogspot.com.br/2016/11/rapidissimas_17.html#comment-form
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O
artista Hector Julio Páride Bernabó, mais conhecido como Carybé, nasceu no dia
7 de fevereiro de 1911 na cidade de Lanús, localizada na zona sul de Buenos
Aires. Ele se tornaria famoso pintor, gravador, desenhista, ilustrador,
ceramista, escultor, muralista, pesquisador, historiador e jornalista.
Ele
passou alguns anos na Itália, dos 6 meses aos 8 anos, partindo então para o
território brasileiro, a princípio residindo no Rio de Janeiro, onde o pintor
realizou seus estudos na Escola Nacional de Belas Artes. Seu principal estilo
se resume na pintura figurativa, a qual lembra a estética abstrata.
No
solo carioca Hector ganhou o apelido que o consagraria como artista, pois no
grupo de escoteiros do Clube do Flamengo que ele integrava cada um recebia a
denominação de um peixe; coube a ele Carybé, que designava uma espécie de
piranha. Para se destacar no campo artístico e se diferenciar do irmão, que
tinha um nome similar e era igualmente artista plástico, ele assumiu este
epíteto como pseudônimo.
De
1935 a 1936 ele atua ao lado do escritor argentino Julio Cortázar e trabalha
como desenhista no jornal El Diário. Em função de seu trabalho ele é enviado
para Salvador, em 1938, tornando-se um legítimo baiano a partir de 1950. Em
1957 ele finalmente se naturaliza brasileiro.
Sua
primeira mostra coletiva ocorre em 1939, quando Carybé empreende uma parceria
com o artista plástico Clemente Moreau, no Museu Municipal de Belas Artes de
Buenos Aires. Em 1940 ele se torna o ilustrador da obra Macunaíma, de Mário de
Andrade. Um ano depois o pintor empreende uma longa jornada pelo Uruguai,
Brasil, Bolívia e Argentina, financiando esse ‘tour’ com a remuneração recebida
por sua ilustração do Almanaque Esso.
Carybé
estréia como tradutor em 1943, vertendo para o espanhol, em conjunto com Raul
Brié, a obra Macunaíma, de Mário de Andrade. Neste mesmo ano ele conquista o
Primeiro Prêmio da Câmara Argentina del Libro por sua ilustração do livro
Juvenília, de Miguel Cané, ícone da literatura argentina.
Suas
produções traduzem muito do espírito baiano, revelando o dia-a-dia deste povo,
sua cultura popular, seu folclore. Em 1955 ele obtém o prêmio de melhor
desenhista na III Bienal de São Paulo. Sua obra atinge o montante de cinco mil
produções, dentre pinturas, desenhos, esculturas e delineamentos iniciais de
alguns trabalhos. Suas ilustrações enriquecem publicações de famosos literatos,
entre eles Jorge Amado e Gabriel García Márquez.
Em
virtude de seus trabalhos voltados para a cultura afro-brasileira, enfocando
seus ritos e orixás, principalmente em princípios dos anos 70, ele conquistou
um importante título de honra do Candomblé, o obá de Xangô. Parte de sua
produção encontra-se hoje no Museu Afro-Brasileiro de Salvador, englobando 27
painéis simbolizando os orixás baianos, produzidos em madeira de cedro. Carybé
morreu de um ataque cardíaco no meio de uma sessão de candomblé, no terreiro
Ilê Axé Opô Afonjá, no dia 2 de outubro de 1997, em Salvador.
FONTE: Ana Lucia Santana - www.infoescola.com
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