IMAGEM: ARQUIVO GOOGLE |
MINHA HISTÓRIA
De Chico Buarque
Com Célia
Ele
vinha sem muita conversa, sem muito explicar
Eu
só sei que falava e cheirava e gostava de mar
Sei
que tinha tatuagem no braço e dourado no dente
E
minha mãe se entregou a esse homem perdidamente, laiá, laiá, laiá, laiá
Ele
assim como veio partiu não se sabe prá onde
E
deixou minha mãe com o olhar cada dia mais longe
Esperando,
parada, pregada na pedra do porto
Com
seu único velho vestido, cada dia mais curto, laiá, laiá, laiá, laiá
Quando
enfim eu nasci, minha mãe embrulhou-me num manto
Me
vestiu como se eu fosse assim uma espécie de santo
Mas
por não se lembrar de acalantos, a pobre mulher
Me
ninava cantando cantigas de cabaré, laiá, laiá, laiá, laiá
Minha
mãe não tardou alertar toda a vizinhança
A
mostrar que ali estava bem mais que uma simples criança
E
não sei bem se por ironia ou se por amor
Resolveu
me chamar com o nome do Nosso Senhor, laiá, laiá, laiá, laiá
Minha
história e esse nome que ainda carrego comigo
Quando
vou bar em bar, viro a mesa, berro, bebo e brigo
Os
ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me
conhecem só pelo meu nome de menino Jesus, laiá, laiá
Os
ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me
conhecem só pelo meu nome de menino Jesus, laiá, laiá, laiá, laiá
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