DE RABO PRESO, MAS SEMPRE ENGORDANDO |
PADRINHOS
E AFILHADOS
Só o
concurso público pode selecionar os melhores e dar
verdadeira
independência ao Tribunal de Contas do Estado
Por
Nelson Motta
O
Globo – 31/03/2017
Não
foi surpresa para esta coluna a prisão de cinco dos sete conselheiros do
Tribunal de Contas do Estado, e a condução coercitiva do chefão da Alerj, Jorge
Picciani, velhos conhecidos das rodas de malandragem oficial carioca. Para ser
conselheiro, não é preciso saber nada, nem ter conhecimentos de Administração
Pública, Direito ou Contabilidade, mas de um padrinho, a quem fica devendo a
vida inteira.
É
uma boca rica, vitalícia, com salário de mais de R$ 30 mil, carro com
motorista, viagens, penduricalhos que aumentam o salário, incontáveis
“oportunidades de negócios”, foro privilegiado, impunidade garantida, para
gente de confiança de Marcello Alencar e de Sérgio Cabral, que os nomearam com
a cumplicidade da Alerj de Picciani, que os aprovou.
E
depois são eles que vão julgar, aprovar ou reprovar as contas dos seus
padrinhos? Não podia mesmo dar certo. Espanta é ter durado tanto tempo. Agora a
tsunami se encaminha para o lodaçal da Alerj e para os tribunais superiores do
estado. Ratos togados em polvorosa.
Alguns
são vagabundos, outros incompetentes sem escrúpulos, outros bandidos mesmo, e
assim será enquanto forem nomeados pelo governador e a Alerj. Só o concurso
publico pode selecionar os mais preparados e dar verdadeira independência e algum
sentido ao Tribunal de Contas do Estado. O resto é conversa mole e
ineficiência, com consequências nefastas para as contas públicas e para os
contribuintes que as pagam.
Juízes
de primeira instância só entram por concurso, um dos mais difíceis das carreiras
de Estado. Nas promoções para tribunais superiores, até chegar ao Supremo
Tribunal Federal, é fundamental o apoio, digamos, político, para crescer,
superando experiência, excelência e eficiência profissionais. Mas,
naturalmente, não vem de graça.
Mas
não gera conflito de interesses? Gera, mas ninguém liga. Por exemplo, o
ministro Dias Toffoli serviu durante anos ao PT e à Casa Civil de José Dirceu,
que o indicou e apoiou decisivamente para o STF, mas se julgou apto e
insuspeito para julgar Dirceu no mensalão, e absolvê-lo. Ninguém no plenário
reclamou.
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