quarta-feira, 12 de abril de 2017

POLÍTICA/OPINIÃO: AUGUSTO NUNES


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DORIA VAI REINAR NO DESERTO
EXPANDIDO PELA LAVA JATO

Prefeito de São Paulo não tem motivos para perder
o sono com o tsunami que devasta Brasília

Por Augusto Nunes
Veja.com – 11/04/2017

Na terça-feira em que virtualmente todas as estrelas da política começaram a perder a luminosidade, apagaram-se de vez ou se tornaram cadentes, a única a seguir brilhando com especial intensidade foi a caçula da constelação. A bordo do avião que o levava para a Coreia do Sul, o prefeito João Doria Jr. não tinha motivos para perder o sono com o avanço da Lava Jato ou com a delação da Odebrecht, nem com as explosões decorrentes da lista do ministro Edson Fachin, muito menos com os estragos causados pela epidemia do caixa 2. Doria só não dormiu direito caso tenha cedido à excitação provocada pela suspeita de que o caminho que leva ao coração do poder ficou bem mais curto.

A delação do fim do mundo efetivamente condenou à morte uma era da história política destes trêfegos trópicos, sobretudo por ter interditado as estradas, sinuosas e repletas de desvios, percorridas nas últimas décadas por figurões de todos os partidos. O Brasil redesenhado pela Lava Jato vai-se mostrando incapaz de engolir o que antes descia sem engasgos pela garganta complacente. Os que agora estão marcados pelo estigma da corrupção deveriam desde já procurar outro ofício. Alguns talvez até consigam continuar pendurados no Congresso. Mas nenhum dos alcançados pelo anátema chegará à Presidência da República. Lula, Aécio Neves, Geraldo Alckmin, José Serra ─ todos acabarão tragados pelo tsunami que apenas começou.



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