DORIA VAI REINAR NO DESERTO
EXPANDIDO PELA LAVA JATO
Prefeito de São Paulo não tem motivos para perder
o sono com o tsunami que devasta Brasília
Por Augusto Nunes
Veja.com – 11/04/2017
Na terça-feira em que virtualmente todas as estrelas da política
começaram a perder a luminosidade, apagaram-se de vez ou se tornaram cadentes,
a única a seguir brilhando com especial intensidade foi a caçula da
constelação. A bordo do avião que o levava para a Coreia do Sul, o prefeito
João Doria Jr. não tinha motivos para perder o sono com o avanço da Lava Jato
ou com a delação da Odebrecht, nem com as explosões decorrentes da lista do
ministro Edson Fachin, muito menos com os estragos causados pela epidemia do
caixa 2. Doria só não dormiu direito caso tenha cedido à excitação provocada
pela suspeita de que o caminho que leva ao coração do poder ficou bem mais
curto.
A delação do fim do mundo efetivamente condenou à morte uma era da
história política destes trêfegos trópicos, sobretudo por ter interditado as
estradas, sinuosas e repletas de desvios, percorridas nas últimas décadas por
figurões de todos os partidos. O Brasil redesenhado pela Lava Jato vai-se
mostrando incapaz de engolir o que antes descia sem engasgos pela garganta
complacente. Os que agora estão marcados pelo estigma da corrupção deveriam
desde já procurar outro ofício. Alguns talvez até consigam continuar pendurados
no Congresso. Mas nenhum dos alcançados pelo anátema chegará à Presidência da
República. Lula, Aécio Neves, Geraldo Alckmin, José Serra ─ todos acabarão
tragados pelo tsunami que apenas começou.
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