18.03.2016
– BLOG DO AUGUSTO NUNES
PARIDO
MINISTRO PARA SOBREVIVER COMO PRESIDENTE,
LULA
MORRERÁ POLITICAMENTE COMO PRESIDIÁRIO
(Por Valentina de Botas) A nomeação escarnecedora
do criador odioso a ministro numa série de crimes de Dilma Rousseff que, entre
a renúncia e a vergonha, terá as duas, efetivaria o “delenda Curitiba est”,
equivalente a um “o Brasil precisa ser destruído”. Parido ministro para sobreviver
como presidente, morrerá politicamente como presidiário acompanhado pela
desonra e pela família detestável.
Na
noite que antecedeu o golpe, convoquei minha mãe para ficar com a neta e fui
para a Paulista, onde permaneci até o começo da madrugada. Este é o relato de
uma cidadã comum, apenas uma mulher latino-americana, sem dinheiro no banco,
sem parentes importantes e vinda do interior das ruas nas quais também marchou
contra a ditadura militar, pois não é em nenhum refúgio que nos descobriremos:
é na rua, na cidade, no meio da multidão, coisa entre as coisas, homem entre
homens, segundo Sartre. E são os cidadãos comuns assim ou nem tanto, mas todos
autônomos e reunidos para civilizar o país, que estão se descobrindo donos da
história que tem surpreendido o cotidiano.
Mas
como explicar que pessoas de bem ainda defendam os patronos do esbulho material
e moral, preferindo ser crédulas ou indiferentes na barbárie a ser
protagonistas na civilização do país? Não sei. Desnecessário gostar de FHC ou
da Rede Globo; basta gostar da perspectiva de o país ter a chance de se
civilizar. A nitidez dos diálogos sórdidos de Lula e Dilma tramando submeter a
ele todos os Poderes da República deveria eliminar dúvidas residuais de que
essa perspectiva inexiste sob o PT. Chegando à Paulista, adentrei a República
de Curitiba, a Berlim onde ainda há juízes expandida por todo o Brasil, que o
déspota repugnante quer destruir em pânico pela ineficácia dos ataques a um
juiz federal seguro e sereno.
"Desnecessário gostar de FHC ou da Rede Globo; basta gostar da perspectiva de o país ter a chance de se civilizar. A nitidez dos diálogos sórdidos de Lula e Dilma tramando submeter a ele todos os Poderes da República deveria eliminar dúvidas residuais de que essa perspectiva inexiste sob o PT"
Depois
de ouvir um Lula encharcado de vulgaridade e de potência só realizada no
primitivismo cultivado em torno de si pela subserviência dos comparsas e pelo
ódio aos desobedientes, enlouquecido na pretensão de intimidar os onze do
Supremo, orgulhoso do primarismo que julga ser inteligência política de um
cabra da peste, tão à vontade na imundície que, mesmo sabendo do possível
grampo, chamou de “meu sítio” o sítio que diz não ter, cheguei à Paulista me
sentindo suja e entristecida. Suja da voz roufenha colonizada também por
ofensas às mulheres; entristecida na certeza de ainda termos de lidar com tanta
sujeira por algum tempo porque a presidente tosca preferiu renunciar não em
favor da nação, mas do criador miserável.
Na
cerimônia da posse revogada, os farsantes tentaram um golpe a céu aberto
acusando de golpista quem os vencerá no mais limpo dos combates – o de cidadãos
comuns, livres, amparados na legalidade e fortalecidos na indignação. É nesse
combate que me vejo limpa outra vez e, de volta para casa, a tristeza capitula
quando beijo minha mãe e minha filha que acorda, a quem conto baixinho: durma,
minha flor, sonhe porque Curitiba non delenda est.
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