09.03.2016
A CRISE SE AGRAVA,
MAS SEM UMA DEFINIÇÃO CLARA
DO FIM DO GOVERNO
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(Por Murillo de Aragão) Os
acontecimentos das últimas três semanas aceleram e aprofundam a velocidade da
crise. Nunca o risco de este governo acabar esteve tão alto. A Arko Advice estima em 50% a
possibilidade de a presidente Dilma Rousseff não terminar o seu mandato, o que
é uma percentagem altíssima.
Quais
são as razões para isso?
11) Pela
primeira vez existe uma acusação formal (ainda não homologada) contra a
presidente Dilma Rousseff relacionada a seu atual mandato. A delação do senador
Delcídio do Amaral de que a indicação do ministro Marcelo Navarro para o
Superior Tribunal de Justiça teria sido “encomendada” para salvar o empresário
Marcelo Odebrecht da prisão, é muito séria. Dilma Rousseff pode vir a ser
acusada de tentar obstruir o funcionamento da Justiça. A possível homologação
da delação de Delcídio será um grande revés para o governo.
22)
Lula foi objeto de condução coercitiva, o que
– midiaticamente – é trágico. Pior é a convicção, já formada pelo Ministério
Público Federal, de que o ex-presidente seria o chefe de um esquema criminoso.
Tudo indica que Lula será indiciado, o que enfraquece ainda mais o governo;
33)
Em 30 dias, ou um pouco mais, a Câmara vai
começar a examinar o processo de impeachment em meio ao agravamento da
conjuntura econômica;
44)
Existem delações bombásticas a caminho. Além
do testemunho do senador Delcídio do Amaral, os depoimentos de executivos das
empreiteiras OAS e Andrade Gutierrez e do ex-presidente do PP e ex-deputado
Pedro Corrêa podem resultar em revelações altamente comprometedoras;
55) O
chamamento de Lula à resistência por parte do PT e dos movimentos sociais às
investigações comandadas pelo juiz Sérgio Moro, à frente da operação Lava Jato,
pode causar o enfraquecimento da base de sustentação do governo. Diretórios do
PT e movimentos sociais em vários Estados começaram ontem a convocar atos em
defesa do ex-presidente Lula.
O
que deve acontecer no curto prazo?
A
crise pode ter os seguintes desfechos nos próximos 30 ou 45 dias:
11) Em
seu aprofundamento, a presidente Dilma Rousseff rompe com o PT e tenta refazer
o governo a partir de uma nova maioria. É uma possibilidade, ainda que
improvável. No entanto, o agravamento da crise pode levar a essa opção;
22)
Sentindo-se isolada e sem condições, a
presidente Dilma solicita licença e pede que o vice-presidente organize uma
nova maioria para aprovar medidas emergenciais. É outra opção improvável, mas
que não pode ser descartada diante de um acirramento da crise;
33)
O TSE, em que pese o clima, não deve acelerar
o julgamento da chapa a ponto de este ser concluído nos próximos 30 ou 45 dias;
44)
A partir da decisão do STF sobre constituição
e funcionamento da comissão que examinará o impeachment, o processo começará a
ser debatido na Câmara com resultados incertos. Hoje, o governo ainda tem
maioria para barrar o impeachment. A cada dia, no entanto, a situação fica pior
para o Planalto;
55)
As manifestações de 13 de março, por causa
das recentes revelações e pela disposição de resistência de Lula e de seus
aliados, têm um poder desestabilizador importante, que pode acelerar os vários
tempos da crise.
Portanto,
salvo um evento extraordinário, o que veremos no período é o agravamento da
crise política a partir de novas delações, mas sem uma definição clara do fim
do governo. Até mesmo pelo fato de as crises – econômica e política – e as
investigações da Lava Jato e da operação Zelotes terem tempos distintos e
dinâmicas próprias.
Murillo de Aragão é advogado,
jornalista, cientista político,
presidente da Arko Advice Pesquisas
e sócio da Advocacia Murillo de Aragão
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