Esse poema que não fiz vai para Carmen Sílvia Presotto,
poeta talentosa que despertou a Hilda adormecida
vadiando nesse peito vadio, o meu (OS)
VENHO DE TEMPOS ANTIGOS
De Hilda Hilst
Deus pode ser a grande
noite escura
E de sobremesa
O flambante sorvete de
cereja.
Deus: Uma superfície de
gelo ancorada no riso.
Venho de tempos antigos.
Nomes extensos:
Vaz Cardoso, Almeida Prado
Dubayelle Hilst...
eventos.
Venho de tuas raízes, sopros
de ti.
E amo-te lassa agora,
sangue, vinho
Taças irreais corroídas de
tempo.
Amo-te como se houvesse o
mais e o descaminho.
Como se pisássemos em
avencas
E elas gritassem, vítimas
de nós dois:
Intemporais, veementes.
Amo-te mínima como quem
quer MAIS
Como quem tudo adivinha:
Lobo, lua, raposa e
ancestrais.
Dize de mim: És minha.
(Texto extraído do encarte à edição de
"Cadernos da Literatura Brasileira",
editado pelo Instituto Moreira
Salles, número 8 - Outubro de 1999.
Fonte:
Projeto Releituras)
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